Okja - 2017 (filme)

Filme lançado há poucas semanas somente no Netflix, Okja é uma mistura de gêneros e histórias dentro de uma só. O filme mostra a relação amigável de uma criança com um animal, o sofrimento de separação delas, a exploração da indústria de alimentos que pouco se importa com os animais que usam de matéria prima, bem como o uso de alimentos transgênicos para sustentar um mercado que só cresce. Enfim, mistura diversos elementos, através de comédia, aventura, ação, drama e fantasia.


Começa com um discurso de Lucy Mirando (Tilda Swinton), CEO da empresa de sua família. Ela apresenta um novo superporco, que segundo eles, foi encontrado no Chile e que, através de seus cuidados, conseguiram 26 reproduções naturais. Os filhotes serão entregues para fazendeiros em 26 pontos do planeta que cuidarão deles por 10 anos, quando será então feito um concurso para escolher o melhor superporco. A partir de então sua carne será comercializada e é uma grande promessa para acabar com a fome no mundo. A luta de Lucy é para afastar a ideia de que sua empresa trabalha com modificação genética, o que não é muito bem aceito pela população mundial. Depois disso, o filme mostra a vida de uma dessas superporcas – Okja – criada nas montanhas da Coreia do Sul por um senhor e sua neta Mija (Seo-Hyun Ahn). A relação da menina com a porca é quase fraternal. O filme então parece bem suave e delicado. Mas, passados os 10 anos, o apresentador de programas de TC sobre animais, Johnny Wilcox (Jake Gyllenhaal) aparece nas montanhas para levar Okja para New York para o tal concurso. A separação da menina e da porca é traumática e Mija não aceita e vai atrás tentando recuperar sua porca. Ela acaba sendo ajudada por membros de uma associação de defesa dos animais liderada por Jay (Paul Dano). A luta para que Okja nãos eja levada e posteriormente abatida para consumo é o grande must do filme, mas o filme acaba se perdendo entre as cenas de humor (principalmente envolvendo Jake Gyllenhaal e até mesmo as caretas e psicopatia da personagem de Tilda Swinton, que não sei se alcança seu objetivo.

Não leia esse parágrafo se deseja ver o filme, pois contem spoilers. Já no final do filme, quando Okja é retirada do matadouro, resgatada por Mija, temos a melhor e mais forte cena do filme. Enquanto a menina e a porca caminham por um corredor entre cercas onde estão presos os superporcos a caminho do abate, uma porca lança seu filhote para elas para que ele seja salvo. Como o filhote chora e sua mãe também, todos os porcos começam a gritar para que os seguranças não percebam o que está acontecendo. Uma cena forte, que em muito lembra cenas de filmes de guerra, com prisioneiros sendo levados à câmara de gás e tentando salvar suas crianças. Impactante. E a ideia do diretor foi exatamente essa, mostrar que os animais também tem direito à vida e sofrem massacres diariamente para virarem alimento para nós, humanos.

Enfim, a principal mensagem do filme é uma crítica às condições desumanas que os animais são tratados para nos servir de alimento. Para nos fazer refletir e repensar hábitos alimentares. Muito bom ver um filme que entra nessa luta, junto coma s diversas associações mundiais e o grande avanço do vegetarianismo e veganismo em nossa sociedade. O ponto fraco do filme é tentar ser agradável com um pouco de piada e por perder muito tempo na história inicial de Mija com Okja. Também achei exagerada a interpretação de Tilda Swinton, quase caricatural. Outro ponto que deve fazer o filme não estourar muito é o fato de alguns personagens falarem coreano. Gringos (e cada vez mais brasileiros também) não gostam de ler legendas.

Enfim, dei nota 7 para o filme na base do IMDB. Ah! Depois dos créditos tem mais uma cena do filme!

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