Sobre Caridade

Ontem, na palestra que assisti no CEJA (Centro Espírita Joanna de Angelis), o tema era caridade e foi usada a parábola do bom samaritano para nos exemplificar esse movimento de amor. Algumas considerações que achei muito pertinentes, quero compartilhar aqui:

1) A caridade começa com a compaixão (No texto: “vendo-o, teve compaixão dele”).  O que isso quer dizer? Não adianta fazermos o movimento de amor se ele não é feito com amor, colocando-nos no lugar do outro. Por exemplo: de nada adianta dar comida a um pedinte se o fazemos sem lhe olhar nos olhos, sem sentirmos o que ele sente, ou fazer isso apenas para afastá-lo de nós. Isso não é cardade. É uma reação para afastar aquele que nos incomoda.
2) A caridade não é só material (no texto: “atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho”). O que isso quer dizer? Mais do que dar o dinheiro ou algo material (como comida a um faminto), devemos dar amor, seja através de um abraço, de um toque gentil ou até mesmo de um olhar de afeição ou um sorriso compassivo. Você pratica isso quando ajuda alguém? Quando faz um favor a um colega de trabalho, faz com um sorriso ou com cara amarrada?
3) A caridade pode ser feita mesmo sem que nos peçam (no texto: “quando o viu, passou de largo” e “vendo-o, passou de largo”). O que isso quer dizer? Muitas vezes preferimos fingir que não vimos alguém necessitado em vez de oferecer ajuda. Pense que nem sempre as pessoas tem coragem ou estão em condições de pedir ajuda. Quantas vezes vimos alguém chorando ou cabisbaixo e simplesmente nos afastamos em vez de oferecer uma palavra amiga?
4) A caridade deve ser feita de igual para igual (no texto: “Chegando-se, desceu de seu cavalo,”) O que isso quer dizer? Não devemos estar numa posição superior a de quem auxiliamos. Isso pode humilhar a pessoa. Ao descer de seu cavalo, o bom samaritano ficou no mesmo nível de quem ia socorrer. O que nos custa nos abaixar para falar com alguém sentado ao meio fio? O que nos custa nos aproximar sem medo, sem querer impor qualquer tipo de superioridade? Por que falar de forma rebuscada com uma pessoa simples que não compreenderia nossas expressões?
5) A caridade demanda dedicação (no texto: “levou-o para uma hospedaria e tratou-o. No dia seguinte tirou dois denários, deu-os ao hospedeiro”). O que isso quer dizer? Não adianta fazermos a caridade pela metade. Enquanto a pessoa precisar de ajuda, devemos estar ali para ela. Não adianta dar a seu filho uma medicação qualquer e deixa-lo sozinho à cama. Temos que ficar a seu lado, ver como se recupera, continuar emanando amor para auxiliar.

Temos que ter em mente que a caridade não é feita apenas a estranhos. Ela começa dentro de casa. Quanto tempo você dedica a ouvir os desabafos de quem divide o teto com você? Quantas demonstrações de afeto você tem com seu marido, esposa, namorado, filhos, pais e irmãos? Quantas vezes nos isolamos no nosso quarto ou atrás da tela de um telefone para não compartilharmos momentos com aqueles que vivem conosco? Você sabe o que eles precisam? Faz algum movimento de amor em direção a eles?

BOM DIA!

PS: Para quem não conhece o texto original, segue aqui:

“Levantando-se um doutor da lei, experimentou-o, dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? Respondeu-lhe Jesus: Que é o que está escrito na Lei? como lês tu? Respondeu ele: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de toda a tua força e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. Replicou-lhe Jesus: Respondeste bem; faze isso, e viverás. Ele, porém, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: E quem é o meu próximo? Prosseguindo Jesus, disse: Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de salteadores que, depois de o despirem e espancarem, se retiraram, deixando-o meio morto. Por uma coincidência descia por aquele caminho um sacerdote; quando o viu, passou de largo. Do mesmo modo também um levita, chegando ao lugar e vendo-o, passou de largo. Um samaritano, porém, que ia de viagem, aproximou-se do homem e, vendo-o, teve compaixão dele. Chegando-se, desceu de seu cavalo, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho e, pondo-o sobre o seu animal, levou-o para uma hospedaria e tratou-o. No dia seguinte tirou dois denários, deu-os ao hospedeiro e disse: Trata-o e quanto gastares de mais, na volta eu te pagarei. Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? Respondeu o doutor da lei: Aquele que usou de misericórdia para com ele. Disse-lhe Jesus: Vai-te, e faze tu o mesmo.”

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