Ricki and The Flash (filme)

Ter Meryl Streep no elenco não é garantia de sucesso. Assim foi com “Into the Woods” e agora vejo o mesmo com esse filme. Mas nada é culpa da atriz, que aliás, mais uma vez está brilhante em cena. Não sei o que faltou exatamente no filme, mas algo ali não me agradou. Talvez um pouco mais de acidez nos diálogos, não sei. Também não fiquei muito a vontade nas cenas que Meryl canta e toca seu baixo. Acho que pela primeira vez, não me deixei seduzir por ela. Acho que a escalação dela para o papel foi errada, pois a personagem deveria ter seus 50 e poucos anos e não quase 70 como a idade da atriz. Não sei, ficou um pouco over ver Meryl como roqueira, tranças no cabelo e tatuagens no braço. Estranho!

Ela é Ricki, uma cantora e baixista de rock que abandonara a família para seguir seu sonho de ter uma banda de rock. Ela canta com Greg (Rick Springsteen), seu namorado num bar em Los Angeles, quando recebe uma ligação de Pete (Kevin Kline), seu ex-marido, pedindo ajuda para sua filha, Julie (Mamie Gummer), que acabara de se separa do marido e está enfrentando uma grande depressão. Ricki, sem pestanejar, pega o primeiro voo para ir ao encontro de sua filha. Percebe-se logo que a separação de Ricki e Pete fora traumática e que os três filhos – além de Julie, Josh (Sebastian Stan) e Adam (Nick Westrate) – não possuem boas recordações da mãe. Ricki percebe que ficara tempo demais afastada da família e que as feridas são difíceis de se cicatrizar. Além disso, a atual mulher de Pete, Maureen (Audra McDonald) a substituiu no papel de mãe e deixa isso bem claro, numa conversa privada que ambas travam. Sem espaço na família, Ricki descobre que não participara do noivado do filho, do casamento de Julie e de muitos outros momentos importantes, mas ainda sente-se mãe e quer recuperar esse papel com os filhos. O filme então, numa alternância entre drama e pitadas de humor, mostra a luta de Ricki para conseguir seu papel de volta dentro da família.

As atuações de Meryl e Mamie (que são mãe e filha na vida real) são ótimas, mas Kevin Kline apenas cumpre seu burocrático papel, sem transbordar emoção. Audra foi uma grata surpresa. Conhecia ela de um seriado de TV (Private Practice) e achei sua interpretação num tom corretíssimo, de forma qu ficou impossível saber se era vilã ou dona da razão. Isso é dificílimo. E ela fez muito bem. Também gostei de Rick Springsteen, que não conhecia, mas que soube fazer contraponto à Meryl.

Acho que o filme poderia ter um pouco mais de carga dramática, para permitir que Meryl e Mamie pudessem brilhar mais. Enfim, um filme bom, mas longe de ser um grande sucesso. Ah, não me surpreenderei se Meryl for indicada ao Oscar pela vigésima vez, afinal, ela precisou aprender a tocar baixo para convencer como a líder da banda de rock.


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