Violência no Rio

Posso falar? Sim, posso! Esse é meu perfil e falo o que quero, concordem ou não. Sobre essa onda de absurdos que tenho lido sobre a criminalidade, meu pensamento se resume em: Não adianta combatermos os sintomas. É como tomar antitérmico para reduzir a febre e continuar com uma infecção generalizada que vai matando internamente.

Precisamos ter um pouco de sensatez ao comentar aqui ou ali sobre esses casos de violência que temos nos deparado nos noticiários e fora deles, entre amigos, familiares e conhecidos. A violência está num grau realmente alarmante. E o pânico generalizado faz as pessoas escreverem as maiores asneiras. Temos que separar cada um dos problemas para então avaliar as melhores soluções:

P: Por que a morte na Zona Sul vira assunto e a morte nas comunidades não?
R: Morte é morte, e não tem diferença. Converse com qualquer morador de periferia e saberá de casos diários de violência. È assunto sim, mas não é assunto nosso. Fingimos que não vemos. Mesmo quando passa no jornal, não damos importância. Está longe da gente. No máximo, perto de nossos empregados. Entre eles esse assunto está sempre nas rodas de conversa. Apenas não ficamos sabendo ou ignoramos. A morte na Zona Sul vira notícia e ganha mais propagação por motivos óbvios. Só nos assustamos quando a coisa acontece perto da gente. Por isso, vira manchete e tema de discussão. Além disso, quem consume noticiários/revistas/jornais é a classe média.

P: Devemos reduzir a maioridade penal?
R: De que adianta reduzir a maioridade penal sem uma reforma ampla da justiça? Os presos condenados não ficam na prisão por muito tempo. Têm redução de pena, fugas em massa de presídios e sem mencionar que a capacidade de nossos presídios já está mais do que no limite. Não adianta querer prender mais gente se não tem onde colocar. Além disso, quando eles conseguirem sair de lá, não estarão melhor do que quando entraram. Não existe política para que eles aprendam algo. Eles vivem em condições sub-humanas nas cadeias. Só vão sair de lá com ainda mais revolta e desejo de vingança. Vão sair pior do que entraram. É isso que queremos? Adiar o problema? Além disso, porque temos cada vez mais criminosos na rua, menores de idade? Porque eles não têm educação, não tem uma estrutura familiar. A mudança, a longo prazo, é investir em educação. Somente assim, poderemos ter no futuro uma tranquilidade maior. São necessárias duas a três gerações para se mudar os conceitos arraigados que levam ao deslumbramento de jovens para a criminalidade como forma de conseguir dinheiro fácil (talvez nossos netos usufruam dessa tranquilidade se o investimento começar agora).

P: Como reduzir essas mortes?
R: Se reparamos bem, a principal razão é sempre as mesmas: as drogas. Seja o bandido que assalta para ter dinheiro e consumir drogas, sejam os traficantes brigando entre si por um ponto de vendas ou os policiais na busca dos bandidos ou ainda as balas perdidas em qualquer um dos casos. Enquanto não se conseguir uma forma de reduzir o tráfico de drogas, a criminalidade continuará alta. E o governo nada faz contra isso, pois nessa rede do tráfico os peixes grande são sempre influentes na política (quando não, políticos eleitos). Devemos discutir sim a descriminalização das drogas. Acredito que seja mais barato tratar os que porventura se tornem adictos do que o que se gasta hoje com segurança, policiamento, justiça e presídios e que não têm funcionado há tempos.

PS: Nem falo aqui da pena de morte, pois é uma das coisas mais absurdas que um ser humano possa pensar. Por favor, se você acha que isso pode ser solução, sugiro começar por você!

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