Chacrinha - O Musical

Ontem fui conferir esse musical, que desde antes de sua estreia já tinha chamado a minha atenção por causa de Leo Bahia, o jovem ator que estrelou o musical "The Book Of Mormom" e que eu gostei muito. Ele fora escolhido para encarnar o Velho Guerreiro e isso me animou. Mas o que vi ontem foi meio over demais. Não o Leo, que estava magnifico como o jovem Abelardo Barbosa, assim como Stepan Nercesian, que encarnou de verdade o velho Chacrinha, a ponto de no final do primeiro ato me arrepiar e encher os olhos de lágrimas, quando Leo Bahia passa para ele o bastão do personagem central do espetáculo.

Over foi tudo o mais do musical. Músicas mal interpretadas (mas com arranjos bons e orquestra cumprindo bem seu papel), personagens que não diziam a que vinham e sumiam do mesmo jeito, uma história contada pela metade, pois mostra o jovem Chacrinha e seu programa de rádio e logo em seguida já na TV, sem nenhuma explicação de como o slato foi dado em sua carreira. Sem falar que não há pouquissimas referencias à época em que as coisas acontecem. Somente o público com mais de sessenta anos vai saber exatamente o que está sendo retratado ali do passado do Velho Guerreiro. EM que ano ele veio para o Rio? 

Achei interessante o inicio do primeiro ato, mostrando a juventude dele com cenários que remetiam a literatura de cordel e com Leo Bahia fazendo adolescente e no inicio da vida adulta, contracenando com o velho palhaço que era a imaginação de Chacrinha, o impulsionando para seus sonhos (interpretado por Stepan). Mas as referencias musicais incluiam até Lulu Santos e Titãs, misturando épocas e situções distintas. Parece que o diretor se perdeu. E assim ficamos nós na plateia, perdidos.


O segundo ato, com Aberlardo adulto e atormentado por seus medos fica meio perdido em meio ao cenário dos programas de TV, com calouros se misturando a cantores, e musicas que não contam nem um pouco da carreira do maior comunicador de nossa história. 

Enfim, um musical muito do mais ou menos, apenas seguindo essa moda de trazer biografias para os palcos, mas sem a preocupação de comtar claramente uma história. Acho até que o texto de Pedro Bial não é ruim, mas ficou muito confuso. E, outra coisa, os numeros musicais poderiam ser cortados pela metade, deixando talvez apenas Clara Nunes e Ney Matogrosso (que aliás são aparições relampago e não dizem a que vieram).

Senti pena também dos personagens Araci de Almeida, Pedro de Lara, Wilza Karla e Jece Valadão, que entraram como jurados e saíram de cena sem pronunciar uma linha de texto sequer. Destaque receberam Elke Maravilha e Boni (aliás, esse úlltimo virou o antagonista da peça, com muitas falas e parecendo o personagem mais importante na vida de Chacrinha).

Se você quer ir para ver musicas conhecidas e dar algumas gargalhadas com as interpretações pífias, vá lá. Mas se espera algo emocionante ou mesmo importante sobre a vida do artista, melhor ler mesmo sua biografia.


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