Os Saltimbancos Trapalhões (Musical)

O mais novo musical da dupla Charles Möeller e Claudio Botelho, “Os Saltimbancos Trapalhões” traz pela primeira vez aos palcos o humorista Renato Aragão. Ao lado dele, Dedé Santana e Roberto Guilherme (o eterno sargento Pincel) encabeçam o elenco, que traz ainda Tadeu Mello, Adriana Garambone, Livian Aragão e Giselle Prattes, entre outros atores e acrobatas, num grupo que passa de 30 artistas em cena, sem contar a orquestra. Mais uma vez, a dupla acerta em cheio, conseguindo transportar para a cena um circo, com seus acrobatas, mágico, palhações, cachorros e leões. Aliás, os animais são atrações especiais em si só. O cachorrinho mecânico abana o rabo o tempo todo e os leões enormes lembram os elefantes do musical “O Rei Leão”, enormes armações movidas por dois artistas cada um. A cenografia, iluminação e os figurinos são impecáveis.

Esse é o primeiro trabalho deles voltado também para o publico infantil. Digo “também”, pois o espetáculo é para todos os públicos e idades, desde os mais velhos, fãs das músicas de Chico Buarque, passando pelas diversas gerações que cresceram com as aventuras dos “Trapalhões” na TV e chegando às crianças que gostam de teatro com música, acrobacias e, claro, muito humor. Ver o Renato Aragão fazendo suas tradicionais piadas com o coitado do Dedé, falando seu nome completo – Didi Mocó Sonrizal Colesterol – e incluindo cacos que desconcentram todo o elenco é impagável.

Aqui, um pequeno comentário pessoal: sempre fui fã do Renato Aragão, até que ouvi vários depoimentos de amigos e familiares que o conheceram pessoalmente e disseram que ele é insuportável (assim, tipo Regina Casé). Então, comecei a olhar com desconfiança, achando que ele encenava e fingia seu carisma e simpatia. Mas ontem ele de novo me conquistou. Ele me fez rir e chorar com seu personagem em cena e, nos agradecimentos finais, ao se emocionar sendo ovacionado de pé por todo teatro da Cidade das Artes não consegui ver ali uma pessoa intragável, vi um senhor emocionadíssimo e verdadeiro.

Relembrei minha infância e me arrepiei com os números musicais, como “Hollywood” (Ói nós aqui, ói nós aqui, Hollywood fica ali bem perto...), “Piruetas” (Uma pirueta, duas piruetas...), “Rebichada” (Au, au, au, ió, ió, miau, miau, miau, cocorocó), “História de uma Gata” (Nós, gatos, já nascemos pobres, porém já nascemos livres...), “Todos Juntos” (todos juntos somos fortes...) e “A cidade dos artistas” (que também está no musical “Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 minutos). A exceção ficou por “Alô, Liberdade”, interpretada por Livian Aragão e Nicolas Prattes. Eles não conseguiram segurar a onda e cantaram mal demais. Deu pena. Mas ela é filha do protagonista, e acredito que tenha sido condição para o pai aceitar a empreitada. Já o jovem não sei quem é e nem o porquê de estar em cena...

Escrevi muito e até agora não falei sobre o enredo em si... Didi e Dedé são dois palhaços explorados no circo comandando por Barão (Roberto Guilherme). São eles os responsáveis pelo sucesso de público, mas não recebem salários e ainda têm divida eterna com o tal Barão. Um dia, Didi recebe uma mensagem de um cego na rua e, ao ler, descobre que trata-se de um conto inédito dos irmãos Grimm. Resolve então convocar os saltimbancos para encenarem e conseguirem assim se libertar da escravidão do circo. E então, entre amores, desamores, brigas e confusões, a trama desenrola, alternando as cenas com os atores e apresentações dos acrobatas.

Um equilíbrio perfeito, mais uma grande obra dessa dupla que significa sucesso. Recomendo a todos! Acabou de estrear, mas deve ficar apenas até Novembro em cartaz, então, corra!

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