220 Volts - Paulo Gustavo (teatro)

Paulo Gustavo está em tour pelo Brasil com a peça “220 Volts”, mesmo nome de seu programa no canal Multishow. Desde Agosto ele tem lotado o Teatro Oi Casa Grande com apresentações nos fins de semana (inclusive com duas apresentações numa mesma noite). Com um currículo de sucessos nos palcos, TV e até cinema (com “Minha Mãe é Uma Peça”, “Hiperativo” e “Vai Que Cola”), o sucesso é grande e a casa lota em todas as sessões.  A produção é caprichada, com diversos cenários, iluminação, fumaça e até mesmo um DJ, que já começa a apresentação antes mesmo do espetáculo começar, transformando o teatro numa grande boate, com o som altíssimo, luzes piscando e holofotes dançando sobre a plateia.

Paulo se desdobra em diversas personagens, como a Senhora dos Absurdos, uma riquíssima e preconceituosa socialite moradora do Leblon, Ivonete, a favelada (ou, para os politicamente corretos, moradora de comunidade), Maria Alice uma apresentadora de programa de TV estilo “Ana Maria Braga”, uma diva Pop estilo “Beyonce”, a “Mulher Feia” e uma periguete boazuda.  Ele dá vida, com essas personagens, a diversas caricaturas do universo feminino, numa visão bem divertida e com muito exagero.



O melhor quadro é o da mulher feia. Gargalhei muito com o drama da mulher que sabe de suas limitações físicas e ainda faz piada disso. Senhora dos Absurdos, por outro lado,  é tão absurdamente sem graça que nem sei como ele tem coragem de manter o esquete. Piadas repetidas ou repaginadas de outros humoristas sem nenhum ineditismo e com um sabor de coisa dos anos 80 e 90. Outros números engraçados são a Ivonete, mas também com piadas recicladas, ao reclamar da situação que vive na favela e a forma como é tratada pelos patrões. Os quadros em que ele dança acabam sendo os mais originais, pela sua coragem de fazer caras e bocas e se desdobrar nas coreografias (ele é acompanhado por um corpo de baile com 6 dançarinos). A abertura é uma apresentação cover de Beyoncè e foi o que mais curti, por causa das coreografias, efeitos e luz e produção geral.


O grande “tchan” da apresentação é Marcus Majella, que entra em cena entre um esquete e outro – tempo para  Paulo Gustavo trocar de figurinos e também ocorrer a mudança dos cenários – e faz algumas brincadeiras com a plateia, apresenta os bailarinos e abusa dos cacos e improvisos. Excelente ator com papel fundamental de não deixar o publico esfriar até o novo esquete do protagonista.

Não sou fã de Paulo Gustavo – não curti a peça e nem o filme “Minha Mãe é Uma Peça” e não suporto o “Vai Que Cola”, embora goste do “220 Volts” na TV – então fui assistir sem esperar muito dessa peça, mas confesso que ri e me diverti. Só acho que ator poderia maneirar no tom, pois fala sempre gritando tanto que todas as personagens parecem a mesma, apenas em situações diferentes. Além da gritaria, seria bom também abrir mão dos velhos clichês do humor que é repetir um mesmo bordão 3 vezes (se você não sabe, esse é um dos mais clássicos recursos para se fazer rir, repetindo a mesma frase ou expressão 3 vezes, mudando apenas a expressão do rosto e entonação da fala). Talvez investir um pouco mais em piadas menos óbvias. Não sei, acho que sou exigente em matéria de humor... Continuo não gostando dele.

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