Philomena (filme)

Judi Dench merecia o Oscar por esse filme. Que atuação! Os olhos dela transbordam falas e mais falas, presas na garganta. Emoção pura. E o filme? Ah, acho também que merecia a estatueta. Mas ainda não vi o campeão “12 Anos de Escravidão”, então não posso dizer que foi injusto. Bom, como podem ver, esse ano fiquei por fora do Oscar, mas agora estou tentando recuperar o tempo perdido. E digo logo: quem não viu “Philomena”, CORRA PRA VER! Há tempos não me comovia tanto com um filme. E não foi a história central que fez isso comigo (aliás, história verídica), foram os personagens centrais, Philomena (Judi Dench) e Martin (Steve Coogan). Mas enfim, qual o enredo?

Philomena é uma senhora em busca de seu filho. Segredo guardado por anos, no dia que seria o aniversário de 50 anos dele, ela confessa á sua outra filha que teve um menino em sua adolescência, fruto de uma noite de amor com um rapaz que conhecera num parque de diversões. Religiosa que era, a jovem irlandesa teve que deixar seu filho para ser cuidado pelas freiras de um convento onde ela passou a trabalhar na lavanderia. E tinha direito de ver o menino apenas por uma hora por dia. Até o dia que ele foi entregue para adoção, tendo uns 3 anos de vida.

A dor da separação e a saudade ela carregou por toda a vida. Sua filha consegue que um jornalista (Martin) abrace a causa para publicar num jornal e ajude a senhora na busca por seu filho. E aí começa o espetáculo de atuação de Judi. Considerada por Martin uma velha boba religiosa que lê romances água-com-açucar e que trata todas as pessoas como se fossem únicas e especiais, ele se mostra um homem rancoroso e infeliz, pois perdera seu emprego de jornalista politico. Na busca pelo filho, fazem descobertas sobre sua carreira, vida pessoal, sempre com surpresas que pouco assustam a protagonista, mas chocam o jornalista.

Mas a trama central – a busca pelo filho – é apenas uma linha guia para o desenrolar de todo o filme. A dicotomia apresentada: amor-rancor, aceitação-angústia, perdão-raiva dos protagonistas é um embate sensacional. A ingenuidade que Martin vê em Philomena esconde a força de uma mulher que sofreu muito durante a vida mas mesmo assim nunca desistiu de viver.

Uma cena em especial me fez chorar de soluçar. Quando ela diz a um personagem (não citarei o contexto e nem quem está envolvido): “eu te perdoo” e o jornalista vira e diz: “só isso? Depois de tanto tempo é isso que vc tem a dizer?” e ela responde: “não é só isso. Para mim, perdoar é muito difícil, mas é melhor fazer isso que me tornar uma pessoa rancorosa e infeliz como você!” Porra! Que cena foi essa? O olha de Judi, os outros atores envolvidos na cena... Perfeito! Uma cena que vale todo o filme, que na verdade foi escrito apenas para se ter um contexto para esse momento. Divino!

Mais uma vez repito: quem não viu, veja! Há tempos não via humanidade, amor, perdão e outros valores tão caros e raros na nossa sociedade tão bem retratados numa película. Vá assistir, de peito e mente abertos que te garanto que não vai se arrepender.

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