Aprendizado

Tenho refletido muito nos últimos dias. Sou o tipo de pessoa que não aceita errar. Me cobro muito para ser sempre melhor e quando acho que falhei com alguma coisa, preciso refletir para me entender. Até porque culpar os outros é sempre mais fácil, mas precisamos sempre entender o que fizemos e o que devemos mudar para não incorrer nos mesmos erros.

Percebi que sou o tipo de pessoa que quer sempre agradar, tornar o convívio mais palatável para quem está comigo. Por isso, mudo minhas rotinas, meus hábitos, faço de tudo para que quem está a minha volta se sinta confortável, mas isso não necessariamente me faz bem. Crio obrigações para mim mesmo que nem sempre me são agradáveis, e talvez, nem percebidas pelo outro. E essas obrigações que me imponho, esse incômodo que sinto, tento não transparecer, mas isso vai me consumindo e, como numa panela de pressão, chega um ponto que preciso liberar o gás que está preso. E, nessa hora, faço coisas que não são boas para mim e muito menos para quem está por perto. E por que faço isso? Porque no fundo eu espero ser aceito e ser reconhecido. Mas o reconhecimento não deve vir em palavras, mas em gestos.

Sou carente, preciso ser bajulado, abraçado, colocado no colo, ser surpreendido com pequenas atitudes. E, sem receber isso, ficam apenas as obrigações. E elas se acumulam, numa cobrança velada que faço e numa balança emocional em que minhas ações pesam muito e o retorno eu não percebo. Nesse desequilíbrio, o desequilibrado acaba sendo eu e, então, faço (inconscientemente, de proposito), coisas para ferir quem está por perto, com a intenção de chamar a atenção, como uma criança que quebra um vaso apenas para mostrar para os pais que quer atenção, que está ali. E em vez de apanhar ou ser punido, espera um abraço, o carinho, para poder mudar sua atitude.

A falta de atenção e de dedicação do outro é que me corroem. Ok, parece que estou colocando a culpa nos outros de novo, mas não. Como eu disse antes, a culpa é minha, que deposito demais, faço demais, me cobro demais e quando acho não ter o retorno, alopro, enlouqueço. Então, o aprendizado que tiro agora é: não devo fazer pelos outros mais do que eu posso. Não devo dedicar-me tanto aos outros a ponto de esquecer de mim mesmo.

É aquela velha história, somos como somos e os outros devem nos amar assim mesmo. Nenhuma mudança forçada para agradar dura muito tempo.

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