A culpa é das estrelas (filme)

Hoje é a estreia mundial do filme “A Culpa é das Estrelas”. Nas últimas semanas já havia um enorme burburinho nas redes sociais, muita gente comentando e falando que queria muito ver o filme, alguns dizendo que choraram muito lendo o livro e outros falando o mesmo das pre-estreias. Então, não podia deixar de conferir. Fui ontem numa das muitas pre-estreias. E o filme é bom mesmo.

Hazel (Shailene Woodley) é uma menina de 17 anos que desde os 13 convive com um câncer que começou na tireoide mas com tumores também no pulmão. Por conta disso, é obrigada a usar um tubo de oxigênio 24h por dia. Usa medicamentos experimentais e não sabe quanto tempo de vida ainda lhe resta. Muito inteligente, lê muito sobre a condição de quem está “condenado a morte” e vive atormentada com medo de fazer sofrer aqueles que vão sobreviver sem ela, principalmente seus pais, Michael (Sam Trammell) e Frannie (Laura Dern), pois é filha única. Sua mãe insiste que ela vá a um grupo de apoio mas ela acha aquilo tudo desnecessário, até que conhece Gus (Ansel Elgort) e Isaac (Nat Wolff). Gus se recuperou de um câncer que o fez perder a perna direita e Isaac sofre de uma doença degenerativa que já lhe tomou a visão de um dos olhos e sabe que em pouco tempo perderá o segundo. Hazel e Gus acabam se apaixonando e vivem o romance adolescente, mas sempre com aquele fundo melancólico da doença que ronda a vida dos dois. Hazel é aficionada por um livro cujo final a deixou com vontade de saber como continuaria a história. Os dois tentam então entrar em contato com o autor, Van Houten (Willem Dafoe). E aí a história se desenvolve... (sem spoilers para não matar vocês, meus 20 leitores).

Curioso é que o casal de protagonistas já fez outro filme juntos: em “Divergente” eles são os irmãos “Triz” e “Caleb”. Ansel Elgort está ótimo como o jovem apaixonado. Você vê isso no olhar do rapaz. Mas, na segunda parte do filme, ele deu algumas escorregadas. Mas acredito que veremos ele ainda em muitos filmes por aí. Talento ele tem. Shailene Woodley também está muito bem. A química entre os jovens é natural e transborda da tela para a plateia, nos fazendo rir e chorar com eles. Aliás, chorei até nos momentos felizes (depois explico o porquê). O maior destaque do filme entre os coadjuvantes fica para Willem Dafoe. Ator experiente, com duas indicações ao Oscar (por ”Platoon” e “A Sombra do Vampiro”), ele dá um show como o alcóolatra escritor. São poucas cenas, mas nelas, só há espaço para ele. Laura Dern (de “Jurassic Park”) está bem como a mãe que sabe que sua filha vai morrer, vivendo uma fantasia, a ilusão de que está tudo bem, otimismo ao extremo. Chega a irritar sua “falsa” alegria.

Enfim, elenco muito bom, texto primoroso e enredo tenso e ao mesmo tempo leve fazem o filme merecer nota máxima na minha avaliação. Recomendo e acredito até que eu vá assistir novamente (quando sair na TV, claro).

Agora, confesso, chorei e só não chorei mais porque me segurei. Depois da passagem do meu irmão (em Setembro passado) para o outro plano, levado por um câncer, essa temática é sempre difícil. E agora, dia 8 de junho, será o primeiro ano em que não haverá comemoração de seu aniversário. Só isso já me deixou reflexivo durante toda a sessão. E, num dos momentos do filme, quando um personagem relata a morte de outro: “ele estava respirando com muita dificuldade, ofegante, com dor, até que perdeu a consciência e se foi”. Essa frase ficou martelando na minha cabeça, pois foi exatamente assim que meu irmão se foi. Impossível não chorar, não lembrar dos últimos dias dele. Mas não foi só isso não. Ver os jovens ali, compartilhando um infinito de felicidade, mas sabendo que teria um fim em breve me deixou angustiado. Passei por isso há pouco tempo e associei muitas cenas ao que vivi.

Bom, tristezas a parte, achei muito interessante a forma de se abordar um tema tão denso, com uma leveza aparente quase impossível, mas com cada palavra proferida pelos personagens tendo um peso absurdo. Não deixem de ver!

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