O Quarteto (filme)

Dirigido por Dustin Hoffman, esse filme traz dentro do contexto da música clássica a beleza que é o envelhecer. O filme se passa numa casa de repouso para idosos músicos, no estilo do que seria aqui o nosso Retiro dos Artistas. Ali convivem estrelas da música clássica que já não se apresentam mais para o público, exceto no evento anual de arrecadação de fundos para a instituição. O dia a dia do grupo mostrado se passa nas semanas que antecedem o tal concerto, com as rotinas de ensaio e definição dos números que serão apresentados. Eis que chega então uma nova moradora para o abrigo, Jean Horton (Maggie Smith), que já tivera um relacionamento com Reginald Paget (Tom Courtenay) e que terminou de forma triste deixando o homem magoado pelo resto de sua vida. Ele passa os dias com outros dois amigos, Wilf (Billy Connely) e Cissy (Pauline Collins). Os quatro já haviam trabalhado juntos numa ópera e, com a chegada de Jean, surge a possibilidade de repetir o numero. Jean, além de ser rejeitada por Reginald, se recusa a fazer uma nova apresentação, pois diz que já não tem a mesma voz e não gostaria de “pagar o mico” na frente do público.

Os dramas pessoais precisam ser resolvidos, a idade pesa nos ombros, mas a alegria de viver ainda existe. Uma grande lição, mostrando que nunca é tarde para se viver amores e curtir a vida, mesmo com as dificuldades físicas impostas pela idade avançada. Um filme belíssimo, com atores impecáveis e uma trilha sonora empolgante.

Um momento do filme achei lindo, quando numa aula, Reginald compara a Ópera com o rap, numa discussão com um jovem negro que vive a realidade sofrida das ruas. Poesia pura a lição. Também amei a interpretação de Pauline Collins. Sua Cissy é deliciosamente ingênua, mostrando que nem mesmo a maturidade muda esse tipo de personalidade. Sheridan Smith também está ótima como a Dra. Lucy Cogan, que coordena a casa e precisa administrar os egos das ex-celebridades, sem perder o tato e carinho. Seu discurso, no final do filme, antes da apresentação, é emocionante.

Recomendo muito esse filme.

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