Viradão Carioca (show)

Pelo quarto ano consecutivo é realizado o evento “Viradão Carioca”, com shows e atrações artísticas espalhadas pela cidade durante um fim de semana inteiro. Nesse ano, o palco principal ficou na Quinta da Boa Vista e ontem a noite, último dia do evento, as atrações eram Fiuk, Naldo, Ana Carolina, Gusttavo Lima e Jammil. Fui conferir o show da Ana, mas como cheguei cedo no parque acabei vendo também Fiuk e Naldo. Antes de ir embroa também espiei o início da apresentação do sertanejo.

Quando Fiuk entrou no palco, logo depois de terminar a primeira partida da final do Campeonato carioca entre Fluminense e Botafogo, o público ainda era tímido. Devia ter umas 10.000 pessoas (embora em alguns sites eu tenha visto que seriam 20.000). O filho de Fabio Jr., ex-ator de Malhação e ex-vocalista da banda Hori começou cantando “Cada Um Na sua” que critica quem o critica e diz que ele pelo menos faz o que o deixa feliz, e ainda dá audiência. Oi? Achei meio irônico. Sei que a intenção dele era criticar quem o critica, mas acho que ele perdeu a noção. O rapaz não tem voz, desafina muito e fica pulando como se tivesse um pogobol preso aos seus pés. Só mesmo as adolescentes conseguem ficar gritando para ele (que nem bonito é). Acho que, ao contrário de Maria Rita, dificilmente vai conseguir deixar de ser taxado de “filho do cantor que fez sucesso e tenta lutar por seu espaço”. Depois emendou com “Quero Toda Noite”, musica que está na trilha sonora de alguma novela da Globo e na qual divide os vocais (na gravação em estúdio) com Jorge Bem Jor (outro artista que... que... que... prefiro não comentar). Essa mesma música foi a que ele fechou o show. Além de suas canções, ele também cantou “20 e poucos anos” e “Só Você” de seu pai (óbvio!) e também outras de Lulu Santos, Charlie Brown Jr. e até d’O Rappa. Coitado! Destruiu todas as melodias e ainda deturpou o sentido das letras (em “Assim Caminha a Humanidade”, ele trocou “Não te quero mais” por “Te quero cada vez mais”). Nada ali se salva. Ouvi numa palestra esse fim de semana que antes de criticar, precisamos ouvir. Então, ouvi! E posso criticar. Lixo industrial comercial...

Depois de Fiuk, quem se apresentou foi Naldo (que deixou de lado o MC antes de seu nome). Já tinha visto duas apresentações dele antes e digo que pouca coisa mudou. Ele imita a todo custo o rapper Chris Brown (estilo de cabelo, postura, figurino e até coreografias). Nada contra e acho que ele até conseguiu conquistar um espaço especial na música nacional, pois não temos rappers nesse estilo aqui no Brasil. Ele abusou de playbacks pra poder fazer suas coreografias em “Exagerado”, “Chantilly” e “Meu Corpo Quer Você”. O seu show atraiu um público maior que o Fiuk e fez o povo dançar bastante. Embora não cante muito, ele tem presença de palco, soube interagir com a platéia e cumpriu bem seu papel nos 40 minutos de apresentação.

A Quinta da Boa Vista estava lotada para receber Ana Carolina, cuja apresentação estava marcada para as 20h. Segundo os apresentadores, havia 80.000 pessoas no parque (eu acredito que metade disso é exagero). Mas fiquei surpreso com o apelo popular de Ana Carolina. Deve ser por conta de seus vários sucessos rebocados pelas trilhas sonoras de novelas da Globo. Ana fez charme e atrasou sua entrada em 15 minutos, quando o povo já gritava enlouquecidamente seu nome. Nos intervalos entre as músicas, ouvia-se a multidão bradar “PQP! É a melhor cantora do Brasil!”. Realmente ela é uma das melhores de nosso time, acertando nas letras de muitas musicas mas que deixam a desejar em outras com refrões bem fracos. Ana tem uma voz diferenciada, pecando apenas quando resolve gritar (o que ela fez muito no inicio do show). Ela fez uma apresentação com 1h15min de duração e cantou muitos de seus sucessos fazendo alguns medleys condensando canções de melodias similares. Passou por “Quem de Nós Dois”, “Rosas”, “Hoje Eu Tô Sozinha”, “Cabide”, “Sinais de Fogo”, “Nada Pra Mim”, “Encostar na Tua”, “É Isso Aí”, “Aqui”, “Vai”, “Entreolhares” e muitas outras. Do seu novo disco “Ensaio de Cores” cantou “Sai pra tomar 3” e encerrou o show com “Elevador”.

Gusttavo Lima começou o show com fogos e muitas luzes piscando. Embora não curta sertanejo, devo admitir que o rapaz sabe o que faz. Seguindo a mesma trilha de Luan Santana, ele seduz as meninas com seu jeito brejeiro e faz um sertanejo que às vezes lembra forró e um pouco da MPB romântica. Não fiquei pra ver seu show, apenas vi a abertura com “Cor de Ouro” e “Joga As Mãos”. Embora uma parte do público tenha saído depois do show da Ana, muita gente ficou pra conferir a performance do rapaz. 

O evento como um todo é bem organizado, a qualidade do som, iluminação, estrutura de telões e segurança no local estavam muito boas. Um ótimo exemplo de produção que deve ser seguido, principalmente por ser gratuito e dar oportunidade ao cidadão que não tem condições de pagar por bons shows ter acesso a nomes relevantes de nossa música.

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