Hell (teatro)

Estreou hoje no Teatro dos Quatro, depois de temporada em São Paulo, a peça "Hell", dirigida por Hector Babenco e estrelada por Barbara Paz e Paulo Azevedo. O texto original é de Lolita Pille que narra as suas aventuras na alta (alta mesmo) sociedade parisiense. Um ótimo texto e com direção impecável. Mas não sei se palatável para o público do Rio. (Não sei, mas acho que carioca só gosta de ir ao teatro pra ver comédia).

Uma narrativa muito interessante da realidade das noites (e dias) da juventude contemporânea francesa sob a ótica de quem viveu nesse mundo, mostrando o submundo de drogas, sexo gratuito, vulgaridades, angústias e vazio dos jovens que podem ter tudo aquilo que desejam e nem sabem com o que gastar o dinheiro que possuem.

Hell conta em primeira pessoa o ritmo frenético das noitadas nos clubes, restaurantes, boates, inferninhos frequentados pela nata da nata. E, embora não seja a nossa realidade, metaforicamente somos nós mesmos ali retratados. Pessoas sem objetivo na vida, perdidas, sem saber o que esperar do dia seguinte, enrolados pela futilidade e vazio existencial.

Barbara Paz dá vida à essa personagem de forma tão intensa, que sentimos desprezo, nojo, raiva e pena dela. Ela está excelente no papel. Pecou apenas no início, com falas um tanto aceleradas e um ritmo que nos deixa tontos, perdidos até. Ela poderia melhorar um pouco sua dicção. Mas depois dessa primeira parte, a fluência melhorou e ela compensou também com sua expressão, ou melhor, personificação completa. 

A iluminação direta, os escuros, o correto uso do espço cênico, a cenografia, o excesso de escuridão e os figurinos criam um clima denso, impactante e que causa uma inquietação e perturbação sensacionais.

Vale conferir!

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