Premio Multishow - constrangimento nacional

Ontem assisti ao Premio Multishow de Musica Brasileira. Que grande palhaçada! Essa premiação poderia ter qualquer outro nome mas não de “musica”. A música brasileira ficou relegada a segundo plano. A premiação na verdade é dos “músicos” mais populares para o publico que pode ficar horas e horas na internet votando através de um site.

Deixa eu explicar: a escolha dos artistas premiados é feita através em quatro etapas. Na primeira fase, as pessoas entram no site e escrevem o nome dos artistas que querem que façam parte da lista. Em seguida, os 10 artistas mais indicados em cada categoria são apresentados e, por votação online, o público escolhe dentre eles os 5 finalistas, na terceira etapa. Na véspera do programa são então apresentados esses 5 finalistas. No dia do programa, a quarta e última etapa é a a votação e escolha do melhor em cada categoria.

O grande problema é que a votação não limita os votantes, ou seja, uma mesma pessoa pode votar quantas vezes quiser. Então, pessoas desocupadas podem ficar horas diariamente votando em seus favoritos, sem contar também nas gravadoras que podem contratar pessoas para fazer esse trabalho. Só isso pode justificar a profusão das bandinhas adolescentes como NXZero, Cine, Restart, Lu Alone e similares. Como assim? São esses os expoentes de nossa música? Pelo menos o Caetano Veloso constou na lista de finalistas de melhor cantor, junto com Samuel Rosa do Skank, que acabou levando o prêmio. Entre as mulheres tivemos Ana Carolina para salvar a noite (teve também Maria Gadú e Pitty, que embora eu não curta admito que sejam talentosas). Fora esses representantes, o restante era muito do mesmo. Aquele “lixo comercial, industrial” que me lembro muito bem foram eliminados pelo excepcional rock nacional dos anos 80. Que saudades de Renato Russo, Cazuza, Cássia Eller... Onde foram parar os “filhos da revolução, a geração coca-cola”? Por que “nossos heróis morreram de overdose”?  

Pelo menos fizeram ontem uma homenagem aos Titãs, o único momento realmente bom do show. Aliás, o discurso de agradecimento deles me soou como uma alfinetada para esses jovens sem causa. Foi dito: “Ganhar prêmio de melhor do ano é uma coisa, mas ser reconhecido por décadas de trabalho é bem diferente.” Concordo plenamente. Não acredito que qualquer das bandinhas adolescentes presentes ontem consiga sobreviver mais que um par de anos.

Numa tentativa de homenagem ao Legião Urbana, Claudia Leitte e Vitor e Léo cantaram “Pais e Filhos” errando a letra, desafinando, um horror! Mas não foi tão deprimente quanto ver a Banda Cine e a Lu Alone cantando “I Love Rock’n’roll”. Duvidam que eles saibam quem é Joan Jett and The Blackhearts. Eles devem ter cantado a música achando que faziam homenagem à Britney Spears (que regravou essa música em algum momento de sua carreira). Triste! Lamentável!

Não menciono aqui nem os erros que aconteceram, normais num programa ao vivo, como o momento constrangedor em que Fernanda Torres não viu que Ivete Sangalo (ganhadora do prêmio de melhor show) disse pelo telão que teria um representante seu para pegar o prêmio em seu lugar. Fernanda não viu o homem subindo ao palco e chamou os apresentadores de prêmio seguinte... Hilário e constrangedor!

Pra mim, ficou a constatação de que esse tipo de premiação deve mudar, pois premiar aqueles que não possuem talento acaba por criar uma geração que acha que o que passou ontem na TV foi exibição de novos talentos. Eu preferiria ver velhos “tão lentos”!


Comentários

  1. Olha posso até concordar com oq vc escreveu... realmente não temos bons representantes...mas falar q a Pitty é boa, daí vc entrou pra panelinha!

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