Brejo Fundo - Capitulo 22

Enquanto a delegada e o investigador seguem atrás de André Gil Sangalo e Rebecca, Donly volta para a delegacia para pegar mais munição e solta a anã, pois ela é inocente. Sua mãe, a índia, esperava na porta da delegacia.
- Ai, minha filha! Graças a Deus, esta tudo bem! Que bom que estamos juntas de novo!
- Mas e meu pai? Cadê ele?
- Ninguém sabe do Oc. Ele sumiu faz muito tempo. Temo que tenha acontecido o pior.
- Não, mãe, sinto que as energias dele ainda estão por aqui. Ele está vivo. Ele vai aparecer.

Nisso, o velho aparece no meio da praça, caminhando na direção delas, com uma cara rejuvenescida. A filha corre e o abraça:
- Pai!
- Mikaloski, minha filha!
A anã se aproxima e o abraça também.
- Onde você estava? – pergunta a índia.
- Eu precisei me afastar, falar com os velhos espíritos do rio!
- Mas por tanto tempo!
- Essa era a hora certa! Os espíritos me disseram! Soube que vocês tinham se encontrado, soube que Ju estava presa e sabia que hoje ela sairia. Vim para buscá-las. Não pertencemos a essa cidade. Vamos!

Os três se abraçam e saem caminhando para a floresta. Uma densa neblina cai sobre a praça e eles simplesmente desaparecem, como que levados pela brisa, sem deixar rastros.

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Andre Gil arrasta Rebecca pelo gramado da fazenda até o helicóptero, que estava ligado. Dentro da aeronave, PV fazia os últimos ajustes para a decolagem. André dispara em sua direção. Assustado, PV sai da aeronave.

Quitéria, atônita, não acredita no que está vendo! PV estaria ajudando André Gil? Mas como? Será que ele sabia da história da santa e não contara nada? Esses pensamentos a invadiam mas a realidade era outra. Ela não viu, mas André dera um tiro certeiro no peito de PV. Ele cai no chão. André joga Rebecca num canto e entra no helicóptero com a estátua. Mas ele não sabe manejar o helicóptero e caba cercado por Hugo e a delegada. Como barulho, Ronaldo  e Nando saem da fazenda. Ronaldo vê seu pai estirado no chão e corre para socorrê-lo. Fernanda sai em direção à cidade para chamar Rezzito.

André Gil se rende. Ele percebe que não teria como fugir. Donly chega com a munição, mas a delegada diz que não é mais preciso. Eles algemam André e Rebecca.

Ronaldo senta-se ao lado pai, que lhe fala:
- Meu filho, eu estava tentando fugir dessa cidade. Sei que tinha que pagar por meus crimes, mas meu advogado me orientou a sair do país e esperar o desenrolar da situação. Estava agora pegando nosso helicóptero quando.. ah – ele geme de dor. O tiro atingira seus órgãos internos.
- Pai, não fale nada! A Fernanda foi chamar o médico. Fique quieto.
- Meu filho, eu te amo, sempre quis o melhor pra você. E amo também Aline. Nunca lhe desejei o mal.
- Pai, fique calmo. Não fale nada!
- Eu não tenho mais tempo filho. Não sei o que aconteceu aqui hoje, nem por que fui baleado. Mas sei que isso foi obra de Deus. Estou pagando pelo mal que fiz. Me perdoa.
- Pára, pai! Eu te amo!
- Meu filho, quero que sejas feliz ao seu jeito. Faça o que você quiser! Não precisa fazer o que eu sempre te pedi. Seja feliz! – ele balbuciou essas palvras e cerrouos olhos.

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Quando Fernanda chegou com o médico já era tarde demais. PV não suportara os ferimentos causados por André Gil Sangalo.

Quitéria chorava, pois embora o homem fosse mau, ele fora seu marido. Cacau a abraçava.
- Quitéria, não fique assim. Você sabe que esse homem nunca pensou em ninguém que não fosse ele mesmo.
Eles são interrompidos por Ronaldo.
- Mãe, o pai me disse algumas coisas antes de morrer. E eu tomei uma decisão. Vou fazer o que eu sempre quis. Não quero mais ser candidato a prefeito. Eu vou construir aqui em nossas terras um eco-resort. Um lugar para as pessoas aprenderem a preservar a natureza, a serem mais felizes. E mais, acho que Aline merece tudo que ainda não teve. Metade de tudo que temos deve ser dado a ela.
Fernanda abraça o marido, num tom de cumplicidade, amor e apoio.

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- Então a senhorita sabe que cometeu um crime e será julgada por isso, não é? – interpela Hugo.
- Eu sei, senhor investigador. Eu não tenho mais nada a dizer. Cometi um roubo e devo pagar por isso – diz Rebecca. Tatiane, sua mãe, estava na delegacia junto da filha e quase desmaia, mas é amparada por Rezzito antes de tocar o solo.
- Meu Deus! Viúva, odiada pela filha e agora mais essa! Eu sou uma infeliz! – chora Tatiane.
- Calma, Tati, a vida dá voltas – sorri o médico, que tira Tatiane da delegacia.
- E o senhor, André Gil Sangalo – continua o investigador – já chamei uma viatura para nos levar de volta a Salvador. O senhor pegará muito anos de cadeia!
- E a estátua? – pergunta Donly – também vai para Salvador?
- Não. Ivete Sangalo e Botero disseram que se o povo venera tanto essa escultura gorducha, que ela pode ficar aqui na cidade mesmo.
O Padre, que estava também na delegacia pega a imagem e diz:
- Faremos uma nova festa para agradecer a Deus por isso! Mas, se a estátua é de Botero, porque será que tem essa inscrição P. Maria Gil?
- Olhe direito, diz a delegada! Esse P é na verdade um B. B de Botero! O Gil foi acrescentado por André Gil Sangalo.
- Mas e o “Maria”?
- Essa inscrição nem Botero e nem André Gil explicaram...


FIM DO VIGESIMO SEGUNDO CAPITULO

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