Brejo FUndo - Capitulo 18

- Como assim, morto? O que aconteceu? – pergunta a delegada
- Ele, ele não voltou pra casa ontem a noite!
- Mas isso não quer dizer que esteja morto! Ele pode estar na Casa D’Ju! – corta o investigador.
- Claro que não, se estou dizendo isso é porque sei! Acabei de ver o corpo dele.
- Aonde?
Ele está nos fundos da nossa casa, no quintal, pendurado numa árvore, enforcado – debulha-se em pranto Tatiane – Meu marido morreu!!!
- Vamos até lá, Hugo! – fala Quitéria
- Vamos, Quitéria! Por favor, nos leve, Tatiane! DOnly, você fica aqui na delegacia.

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Hiro bate na porta dos fundos. 3 toques rápidos e secos. Sarah, a prefeita, abre a porta.
- Venha meu amor! Venha! Hoje Fernanda não está aqui e a casa é só nossa. Vamos curtir essa noite!
- Ô, Sarinha, como eu gosto quando ficamos a sós... Adoro poder ficar aqui peladão com você – diz, já tirando a roupa.
- Ai, Japa safado! Quem disse que japa é tudo japinha é porque nunca viu seu “Jaspion”!
- É Giraya! É Giraya!
- Desse tamanho todo, são os Power Rangers todos! – disse Sarah, já puxando o japa para cima dela, dando-lhe um beijo quente na boca.

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A investigação concluiu que o médico havia mesmo cometido suicídio, mas a viúva não aceitava e anunciava a todos que fora a mulher de branco que o atacara.

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Durante o enterro do médico o assunto girava entre: como o povo cuidaria de suas moléstias, visto que não havia outro doutor na cidade; porque o pobre o homem teria se matado ou quem teria feito aquilo. A maioria apostava que era coisa da mulher de branco, pois ele fora morto enforcado com um lençol branco como corda. Tatiane chorava muito:
- Nãããããããããooooo, eu não posso ficar sem ele. Eu não tenho ninguém nessa vida! Nem minha filha me queria mais. Sou uma infeliz! Essa vida é madrasta comigo!

Rebecca, que tivera de voltar para a cidade para o funeral do pai, exibia um lindo traje Maria Bonita Extra, preto e cobria o rosto com um óculos Versace.

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PV aproveita que todos estão reunidos e anuncia, ao final do velório que aquela é realmente uma grande perda para a cidade.
- Mas nós, cidadãos brejenses não podemos nos render a uma tragédia dessas. Precisamos mostrar que somos unidos e que nos momentos difíceis só mesmo a união pode trazer resultados. Vamos todos mostrar nosso apoio ao investigador e a nossa querida delegada, que por coincidência é minha esposa. Vamos ajudá-los nessa investigação. Mas, mais do que isso, vamos garantir que o futuro de nossa Brejo Fundo seja ainda mais promissor. Então, com foco no futuro e com a certeza de que precisamos evoluir, quero aproveitar o ensejo e anunciar a todos a candidatura de meu filho, Ronaldo, à prefeitura, nas próximas eleições.

Fred, meio que de brincadeira, incitado por Silvia e Gláucio, intervém e anuncia:
- Povo brejense. Não podemos esquecer que eleições não se fazem com um único candidato. Então, para que todos possam ter direito a escolher quem melhor representa seu povo, eu também serei candidato no próximo pleito municipal.

Hiro é cutucado pela prefeita e entende logo o que deve fazer. Para que não corra o risco de Fred ser eleito e ele perder seu comércio ilegal, prontamente se pronuncia:
- E não só dois candidatos teremos esse ano. Teremos um representante das minorias também. Eu, único japonês da cidade, também sou candidato a prefeito!
Sarah completa:
- E, para mostrar que nós estamos preocupados com o bem de nosso povo, na próxima semana já teremos o novo médico na cidade. Não podemos deixar nosso povo na mão!

Foi um furdunço geral. Babado, confusão... Só não teve gritaria em respeito ao funeral que tinha recém terminado.

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Segunda-feira, o ônibus chega na cidade trazendo o novo médico. A cidade está em festa para receber seu novo cidadão. A porta do ônibus abre e desce um homem lindo. As mulheres se derretem, algumas dão um sorrisinho, outras deliram. Tatiane corre para recebê-lo:
- O senhor deve ser Rezzito, o novo médico, que veio substituir meu marido.
- Não senhora, sou Cacau, mergulhador da Petrobrás!
- Olá, Cacau – diz Nando, rindo da situação.
- Meu amigo! Não sabia que a cidade toda estaria me esperando! – ri Cacau.
- Não Cacau, estão todos esperando o novo médico! Seja bem vindo a Brejo Fundo! – e os dois se abraçam.

O médico então desce do ônibus. Um homem já do alto de seus 50 anos, barriga proeminente que não causa muito furor das senhoras. Mesmo assim, Tatiane o recebe:
- Prazer, doutor! Sou Tatiane, viúva de Sebastian, a quem o senhor vem substituir.
- O prazer é todo meu!
Sarah interrompe e puxa o médico.
- Venha comigo, temos muito o que ver por aqui. Vou levá-lo ao consultório. É pequeno, mas para atender a essa cidade, o suficiente.
E os dois saem, mas não sem antes o médico ser apresentado a quase todos os moradores da cidade.

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A anã grita dentro de sua cela.
- Aaaaaaaaaaaaaiiiiiiiiiiii! Essa dor está insuportável. Meu abdome parece que vai explodir! Aaaaaaiiii, me ajudem! Chamem um médico!
Donly sai correndo pela praça gritando:
- Doutooooooooooooooooooooooor! Doutooooooooooooooooooooor!
E o médico ouve a gritaria. Ele sai do consultório e Donly diz que a pobre anã está com dores. Os dois seguem para a delegacia.

O médico pede que Donly o deixe a sós com Mikaloski para poder fazer os exames, e o policial atende. A anã começa a falar:
- Doutor, não estou com dor alguma. Mas eu precisava lhe falar.
- Me conte, o que houve?
- Na noite que fui à igreja para ver a imagem da santa, que não é santa, antes de chegar à igreja ouvi os gritos daquela que todos dizem ser a mulher de branco. Me assustei e me acuei num canto. Poucos minutos depois, vi uma mulher caminhando, quase se arrastando. Fui atrás dela. Vi quando ela chegou na casa de Renata e Gláucio. Aí pude ver que era a Vivi, irmã da Renata.
- A tal surda-muda.
- Ela mesma. Já a conheceu?
- Sim, sim, ela tem problemas mentais e precisa tomar medicação muito forte.
- Pois então, doutor, é isso que preciso contar. Ela não é surda-muda.
- Como assim?
- É ela a mulher de branco, mas ela nunca atacou ninguém. Ela procurava ajuda.
- Ajuda pra quê?
- Nessa noite eu consegui chamá-la. Ela me ouviu! Ela olhou pra trás. Então percebi que ela não era surda. E nem muda, pois fora ela quem gritara quando tentou atacar o Hiro.
- Mas ela não fala, ela apenas grunhe.
- Não, doutor. Ela falou comigo!
- E o que ela disse?
- Não disse muito. Só pediu para não dar mais remédios a ela! Ela disse que queria falar com o médico. Mas acabou que ele morreu... Então esperei até o senhor chegar para contar isso.
- Preciso conversar com ela. Se ea fala e ouve, qual o problema dela?
- Não sei, doutor, mas acho melhor cuidar dela, ver o que ela tem.
- Farei isso!

FIM DO DECIMO OITAVO CAPITULO

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