Brejo Fundo - Capitulo 12

Pymenta, Sebastian, Gláucio e Silvia saem correndo e tropeçando uns nos outros. Estão todos indo atrás da mulher de branco. Eles vêem Hiro deitado no chão. De amarelo o japa ficou branco! Sebastian pergunta pra onde ela foi. Hiro aponta para a rua atrás da Igreja, onde fica o cemitério. Pymenta e Silvia saem nessa direção, mas não conseguem ver nada.

Hiro diz que a mulher falou algo com ele, mas que ele não entendera.
- Ela disse “meu filhoooo” ou algo assim, mas sei lá, eu me assustei e gritei. É um ser bizarro! Parece que só tem uma perna, anda se arrastando. Com meu grito ela se assustou e saiu pra lá. Que coisa horrível!
- Mas você viu o rosto? – perguntou Sebastian.
- Não, não vi nada! Ela tava toda coberta!
- Precisamos falar com a polícia – Diz Pymenta – Vamos procurar o DOnly.
- Ah! E você acha que a essa hora ele vai fazer alguma coisa? Toda vez é sempre assim. – disse Silvia
- Toda vez? Como assim? – assustou-se Pymenta
- Sim, meu irmão, isso já é normal aqui na cidade. Essa criatura aparece pelo menos uma vez por semana.
- Semana passada esse monstro me atacou – completou Sebastian.
- Gente! E por que vocês não fazem uma investigação?
- Com essa delegada que nós temos, que só pensa em promover seu filho e com o policial preguiçoso que temos? Ah, ah! Nunca teremos investigação nessa cidade! – sentenciou Silvia.
- E vocês continuam andando sozinhos à noite? EU que não vou sair pelas ruas – disse Pymenta, ajudando Hiro a se levantar.

Hiro e Sebastian seguem na frente cm Gláucio. Silvia comenta com Pymenta:
- Acho que esse ataque foi até bom, assim a anã deve ter conseguido entrar na igreja.
- Minha irmã, já tinha até m esquecido dela.

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Mal o dia amanhece, Renata já está dentro de casa cutucando sua irmã Vivi.
- Anda sua, surda! Hoje você tem que ir na Igreja comigo! Ta achando que só porque é surda-muda não precisa se livrar dos pecados? E já tomou seu calmante de hoje? – disse, empurrando o copo de água para a irmã.
- Mãe, por que você trata a tia assim, coitada? Ela não te ouve e nem pode reclamar...
- Então, meu filho! Esse traste é um tormento na minha vida! Ainda bem que não me ouve, senão ia ouvir minhas preces pedindo a Santa Maria Gil que ela desencarne logo. Vai ser melhor pra ela. É muito sofrimento!
Nesse momento Perereca entra na casa e Renata pergunta:
- O que que você tava fazendo na rua a essa hora?
- Ah, estava tirando umas fotos do sol nascente. Essa luz é muito mais bonita que o pôr do sol.
- Ah, é mesmo! Quando a gente fica na vigília sempre agradeço a Deus por essas manhãs de sol. Posso ver as fotos?
Perereca gagueja, nervosa, e diz:
- Não, melhor não! Ainda não fiz a seleção. Deixa eu escolher e depois que eu revelar te mostro.
- Então ta! Quero ver o álbum completo com todos os cliques de nossa cidade!
- pode deixar! Se tudo der certo, estará tudo no livro de fotografia que quero fazer.
Renata pega a irmã pelo braço e saem para a Igreja.

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Tatiane está na porta da Igreja gritando, horrorizada. O padre anda de um lado para o outro, feito barata tonta. Donly, o policial está na porta da Igreja isolando a área com uma faixa amarela. Renata se aproxima correndo percebendo que algo de grave acontecera. Gláucio, que estava levantando da sarjeta vê aquilo e pergunta de longe:
- O que aconteceu, minha gente?
- Um crime! Um crime bárbaro. Dentro da Igreja! – responde Tatiane, aos prantos
Gláucio levanta mais rápido do que quando se encontra sóbrio, põe a mão na testa e exclama:
- A anã!!!! A anã!!!!
- O que tem a anã? – pergunta Renata, que já estava na porta da Igreja tentando entrar, mas sendo barrada pelo policial Donly.
- Ninguém entra na igreja. Precisamos preservar o local do crime! ALOCKA!
- Meu Deus! Mataram a anã!!! – Exclamava Gláucio
- Que Mané anã – disse Donly – roubaram a Santa do altar!
Renata desmaia! E sua irmã Vivi nem se esforça para tentar segurá-la. Deixa a tabacuda bater de cabeça no chão.
- Hein?! Então a anã ta viva? Acho que não to entendendo mais nada! – Disse Gláucio.
- Seu pinguço, o dia que você parar de beber, talvez entenda alguma coisa – intrometeu-se o padre – Vá ali ajudar sua mulher que acabou de cair no chão!
- Eu é que bebo e ela que cai de madura! Mas e anã?
- Por que você ta falando tanto nessa anã? Acabaram de roubar a Santa na Igreja e você se preocupando com a macumbeira? – reclama Tatiane.
- Mas a anã é ia na Igreja ontem! – completa Gláucio
- Gláuciooooooo! – Grita Pymenta, vindo correndo depois de ter visto pela janela do seu quarto a cena toda – Você tá muito bêbado, meu amigo, deixa que eu te levo pra casa, não ta falando coisa com coisa!
- Olha, olha, quem agora é amigo do pinguço! – ironiza Tatiane.
- Ih, pára de se preocupar com os outros e vai socorrer seu marido, vai! Ele ontem também bebeu todas! – respondeu Pymenta
- Meu marido não é dessas coisas. Ele é um médico respeitado!
- Respeitado pode até ser, mas respeitoso não e mesmo! – debochou Gláucio
O padre continuava rodando, de um lado pro outro:
- Ora, como pode, há uma semana nem padroeira nós tínhamos e agora a imagem dela foi roubada!

Quitéria chega, pede para Donly parar de gastar a fita e começa a interrogar o padre:
- Padre Renato, o que aconteceu?
- Eu cheguei aqui para abrir a Igreja, pela sacristia e encontrei o altar vazio! Mas a porta da Igreja estava trancada! Não sei como a imagem sumiu!
- Mas estava tudo fechado?
- Olhe, ontem a noite eu fechei tudo. Todas as janelas e portas, como sempre. A imagem só pode ter evaporado!
- Evaporado? Isso não acontece!
- Sei lá, mas de alguma forma ela sumiu!
- Vamos ter que analisar direito dentro da Igreja.
- Sinto muito, dona Quitéria, mas dentro a minha igreja ninguém faz investigação não!
- ALOCKAAAAA! – gritou Donly, se metendo no assunto.
- Olha, padre, com todo respeito, se o senhor não no deixar entrar terei que acusá-lo de obstrução de investigação e levá-lo para a cadeia!
Renata, que estava se recuperando do desmaio, cai de novo no chão e exclama:
- Vão prender o padre! Ai, vixe mainha! Que é isso?
- Não, não, dona delegada, pode entrar, mas seja rápida, daqui a pouco começa a missa!
- Ora! Vou levar o tempo que achar necessário!

Gláucio e Pymenta se afastam do grupo e Pymenta diz:
- E agora? Nós ajudamos a anã a roubar a imagem! O que vamos fazer?
- Vamos falar com a Silvia. Ela é que teve a idéia!


FIM DO DECIMO SEGUNDO CAPITULO

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