A Casa dos Budas Ditosos (Teatro)

Em pleno sábado no Rio de Janeiro, estava eu na quadra da Portela curtindo a Feijoada da Família Portelense com muito samba de Marquinhos de Oswaldo Cruz e da Velha Guarda quando desabou o temporal no Rio. Tive que antecipar minha saída da quadra para dar tempo de chegar ao teatro Fashion Mall, pois já tinha comprado ingresso para ver Fernanda Torres no monólogo “A Casa dos Budas Ditosos”, baseado no livro homônimo de João Ubaldo Ribeiro.
Teria sido melhor ter ficado na quadra da Portela. Só consegui chegar ao teatro atravessando a floresta da Tijuca, com muitas árvores caídas e trechos de terra desbarrancada. Cheguei ao teatro com 30 minutos de atraso, mas, por sorte, Fernanda Torres ainda não tinha começado. Estava aguardando outros espectadores. A platéia ficou muito vazia, provavelmente por causa do temporal, mas não me surpreenderia se fosse também por causa da peça.

Fernanda Torres, ao contrário de sua talentosíssima mãe, não consegue criar personagens. Mesmo com o forçado sotaque baiano ela continua parecendo a Vani de ‘Os Normais’ ou qualquer outra personagem caricata de comédia que já tenha interpretado. E mais, não consegue convencer que quem está ali na frente, contando uma história é a pessoa que viveu os fatos narrados. Parece simplesmente que ela está fazendo uma leitura ou contando uma história que não é a sua. Faltou ‘entrar na personagem’. Uma pena, pois o texto é bom e poderia render muito mais risadas.
 
Assisti à peça na primeira fila, poltrona A3, então pude observar bem de perto as caras, bocas e olhares de Fernandinha. E nem assim consegui me concentrar. Acabei dormindo nos 20 minutos finais da peça. Fato que nunca antes me tinha acontecido no teatro. Fiquei até sem graça, pois com certeza a atriz ali em cena me viu de boca aberta e olhos fechados, roncando. Antes de dormir, quando ainda estava dando aquelas piscadelas um pouco demoradas, quando abria os olhos via que ela me olhava. Tento imaginar o que passou na cabeça dela, vendo que uma pessoa que comprou um dos ingressos mais disputados da sala estava dormindo.

Quero eximir qualquer dúvida aqui e deixar claro que dormi porque ela me cansou! Infelizmente essa é a verdade. A peça é monótona. Monólogos sempre correm esse risco, pois dependem de apenas um elemento em cena. E dessa vez o elemento não ajudou.

Ah, sim, já ia esquecendo de falar da sinopse. A peça trata de uma senhora que está contando e relembrando sua vida. E de uma vida regada de luxúria, com detalhes picantes sobre sua iniciação sexual, sedução de homens, inclusive de um tio, sexo grupal, e outras curiosidades um tanto quanto exageradas de sua vida sexual.

Não recomendo a peça, a não ser que você seja fã mesmo de Fernanda Torres e de sua eterna Vani. Se você é do tipo que decorava as falas dela, via repetidamente os episódios de ‘Os Normais’ e gosta de piadas sobre sexo, então existe uma chance de gostar da peça.


(fotos feitas com meu celular, resolução VGA e sem flash)

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