Viradão Carioca (crítica)

Nesse fim de semana rolou aqui no Rio de Janeiro o “Viradão Carioca”, com a proposta de 48 horas de programação cultural com peças de teatro, cinema, shows e apresentações diversas. Idéia copiada do “Virada Cultural” de São Paulo, que tem duração de 24 horas. Em linhas gerais, a idéia é boa e a execução idem. Mesclando artistas de reconhecimento nacional com outros não tão famosos, a programação era bastante heterogênea e agradava a vários públicos. Um ponto negativo foram as mudanças de última hora, como inclusão da Adriana Calcanhoto, supressão do show de Fernanda Abreu e algumas mudanças de horário nas apresentações de sábado (no Planetário e Quadra da Portela). Outro ponto que pode ser revisto é a concepção geral. Um evento que se chama “Viradão” e com proposta de shows por 48h não deveria ser nonstop? Nas madrugadas não havia nenhuma programação.

A segurança foi muito bem estruturada – não presenciei e nem ouvi nenhum caso de violência, seja sob a forma de brigas, tumultos ou assaltos – e o mesmo para a estrutura de banheiros químicos – em alguns momentos havia filas, mas tudo dentro do esperado. Um ponto que deve ser melhorado é referente à pontualidade dos shows. Dentre os que assisti, Kelly Key teve atraso de uma hora e Mart’nália de 30 minutos. Como havia atrações por toda a cidade, o atraso de um show acaba impactado o planejamento de todos os outros, pois os espectadores ainda precisavam se locomover de um ponto ao outro. Aliás, a escolha de locais tão distantes um do outro também foi prejudicial por conta disso. Para quem queria assitir a shows em palcos distintos precisava “correr” para não perder as outras atrações. Ainda sobre a organização, a venda de bebidas e comidas estava bem organizada, com presença de ambulantes apenas em áreas restritas e sem prejudicar os shows. A exceção fica pela praia do Leme, pois foi totalmente proibida a presença dos ambulantes e os quiosques da orla não conseguiram dar vazão à demanda. Resultado: para comprar uma bebida era necessário andar muuuuuuuuuuuuuuito!

Com relação aos palcos, foram montados em diversos pontos da cidade o que permitiu que moradores das mais distintas regiões participassem. Só não entendi o porquê de não haver palcos na Barra da Tijuca. Há espaços suficientes na região para receber esse tipo de evento. o palco móvel do Leme foi um fiasco. A apresentação de Marina Lima ficou muito prejudicada pela qualidade do som e a própria artista reclamava sobre o retorno. Esse é um ponto importante a ser considerado no próximo ano. Os palcos de Guilherme da Silveira e Praça XV possuiam uma infraestrutura de som muito melhor e, no caso da Praça XV, a iluminação também era excelente, bem como os telões ao lado do palco.

Quanto aos shows que assisti, Lulu Santos foi o melhor, com sua grande segurança e domínio de palco, contando com músicos de qualidade ímpar, como o multi-instrumentista Milton Guedes. Além de tudo, ele ainda montou um telão atrás do palco para projeção de imagens relacionadas a cada música. Mart’nália também superou as expectativas, trazendo sua banda completa para o show. Zélia Duncan também fez uma apresentação impecável em Bangu, fazendo a galera cantar seus sucessos e conhecer suas novas canções. Teresa Cristina, na Portela, cantando Paulinho da Viola e outros sucessos, e Marina Lima, no Leme, deram o recado e fizeram o povo se divertir. Até mesmo Kelly Key, com apenas parte de seu grupo de bailarinos, cantando com playback e com um público minguado na tarde de sábado, fez uma apresentação boa para seu público, basicamente infantil.

Em resumo, o fim de semana foi um sucesso. Agora é esperar o próximo, melhorando os pontos que não foram tão bons. E a própria secretária de cultura, Jandira Feghali, já prometeu que o evento será mais um no calendário oficial da cidade. Bom para todos. Melhor ainda se for planejado e DIVULGADO com mais antecedência.

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