O que é ser fã? (Crônica)

(Fred Mendelski – 13/05/2009)

Acredito que existam dois tipos de fã: aqueles que idolatram uma personalidade mesmo sem conhecê-la na privacidade ou intimidade e que tentam a qualquer custo mostrar sua admiração para o ídolo. Mas há outro tipo de fã. Aquele que idolatra alguns de seus amigos pelas suas atitudes, mas que não precisa sair por aí dizendo isso aos quatro ventos e nem precisa chamar a atenção de seu ídolo pra provar nada.

Nunca fui fã de ninguém na minha primeira concepção de “fã”. Nunca fiquei sonhando acordado (ok, quando criança, talvez um pouco fã de Xuxa, como todos eram) nem fiquei louco por um show ou tampouco virei noite na fila por um ingresso ou na porta do teatro ou hotel atrás de um autógrafo. Ou correndo em revistas, sites de fofoca pra saber o que acontecia na sua vida privada. Não sei se pelo fato de ter nascido e sido criado no Rio de Janeiro, onde cruzar com artistas na rua é fato comum, ou até mesmo por eu mesmo ter feito curso de interpretação e me apresentado com um grupo de dança, nunca tive esse tipo de idolatria por ninguém.

Sou fã, sim, de algumas pessoas, mas são meus amigos. Sou fã da Ballantines pois ela leva a vida sempre com muito humor. Sou fã da Dani pois ela conhece história medieval como ninguém, com histórias deliciosas e me ensinou muito sobre música, amizade e tolerância. Sou fã da Claudinha que sempre se mantém calma, mesmo quando ela se acha irritada. Sou fã da Pê que tem uma trajetória de vida vitoriosa, passando por cada obstáculo que poucos aguentariam. E tenho outros ídolos, mas não é o objetivo dessa crônica citá-los.

Ano passado tive a oportunidade de ter contato com uma artista que eu pouco conhecia. Primeiro, fui a alguns shows e ficava lá no fundo, curtindo o som com meus amigos. Mas aos poucos fui me interessando mais e mais pelo que ela dizia, a forma como fazia isso e como conquistava o público. Eu via que ela estava ali se divertindo também, fazendo por prazer, com verdade. Um dia acabei levado por umas amigas ao camarim. Tirei foto, troquei algumas palavras e fui embora. Mas vi o carinho que ela tinha com todos ali. E voltei outras vezes ao camarim nos shows seguintes. Acabei gostando daquilo tudo. Já disse a ela que sou fã, mas nunca disse em que sentido. Não sou fã naquele sentido inicial que descrevi. Sou fã por causa da sinceridade dela, da forma que se coloca e responde quando mexem com ela. Sem medo de enfrentar, sem papas na língua. Por isso, Preta, sou seu fã...

(Aqui seria o fim da crônica, se eu a tivesse escrito na semana passada, mas...)

Até então eu não tinha muita ligação com o fã-clube (ou clubes) dela. Conhecia algumas pessoas que acompanham sempre suas apresentações. Então provoquei um encontro com todos. Eu, que adoro estudar o comportamento humano, não podia perder essa chance. Pois saibam que acabei concluindo que os fãs do primeiro tipo se misturam aos do segundo. E, independente do tipo de idolatria que alimentam, não podemos esquecer que somos todos pessoas iguais, com fraquezas, medos... Fiquei um pouco assustado com algumas alfinetadas e, porque não dizer, ciúmes que algumas pessoas sentem das outras.

Queria arranjar uma forma de dizer a todos que não existe fã mais fã, fã melhor que o outro. Se abandonarmos a primeira categoria de fã, daquele que não conhece seu ídolo, ser fã pode ser comparado à amizade sim. Assim como acontece com os amigos, num determinado momento uns são mais importantes, estão com mais destaque, têm mais afinidade. Outros podem estar mais afastados ou podem ter nos magoado, mas depois tudo passa. A situação pode se inverter. Assim como não se disputa quem é mais amigo, não se deve disputar quem é mais fã...

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