Assassinaram a gramática
(por Fred Mendelski – 16/09/2008)
A música de Lulu Santos e Herbert Vianna já dizia “assaltaram a gramática, assassinaram a lógica”. A cada dia esse refrão se torna mais e mais real. Não vou aqui escrever sobre os modismos da internet que transformam você em “vc”, não em “naum”, mas em “+”, moleque em “mlk”, valeu em “vlw” e por aí vai. Até entendo e uso algumas dessas abreviaturas quando estou com pressa para escrever e-mails ou torpedos. Acho válido. Mas o que me dói a vista é ler algo totalmente errado.
Imagine que você está num bar daqueles em que as pessoas enviam torpedos através do garçom ou numa festa junina que tem o Correio do Amor. Será que ainda existe isso? Bom, sendo mais moderno, imagine que você está navegando num site de relacionamento e recebe um torpedo, uma cantada. E o texto vem assim: “E aí? Tá afim de me conheçer? Acho que agente tem tudo haver. Mais derrepente podemos converssar um pouco.” Qual seria sua reação? Eu, simplesmente não consigo entender como um ser humano consegue escrever tanta coisa errada de uma única vez. E esse tipo de erro tem sido tão comum que fico até em dúvida se meus amigos conseguem identificar todos os erros do bilhete. Vamos fazer um teste? Leia de novo o texto e conte quantos erros você achou. Pelo amor de Deus, me responda dizendo que encontrou 7 erros: (1)afim, (2)conheçer, (3)agente, (4)haver, (5)Mais, (6)derrepente, (7)converssar. Note que nem classifiquei o “Tá” como erro, pois já é expressão coloquial em uso comum. Mas alguns dos erros são crassos (e crasso, pra quem não sabe, não é clássico escrito errado não, mas significa grosseiro). Outros passam quase despercebidos para a grande maioria da população. Gente! Será que é pedir muito? Esse tipo de erro não vem de gente sem educação, não. Pelo contrário, já vi muito universitário (?) e profissional (?) de respeito (?) escrevendo assim. Óbvio que exagerei colocando diversos erros numa única nota, mas a realidade não difere disso não. Então vou dar umas dicas pra ninguém esquecer mais, ok?
(1) Afim de: Como o que você quer (está “a fim de”) ainda não está contigo, colado com você, também o “a fim” está separado!
(2) Conheçer: Não consigo nem inventar regra engraçada pra isso.
(3) Agente: Se “a gente” indica mais de uma pessoa, então também indica mais de uma palavra! Separe o “a” de “gente”.
(4) Haver: Não tem nada a ver a expressão “a ver” com “haver”.
(5) Mais: Mais indica aumento de quantidade. Se o sentido é para criar uma exceção, então pense assim: se estou excetuando, estou subtraindo, então o “mais” perde o “i” e vira “mas”...
(6) Derrepente: Por acaso o cara que toca música de improviso é derrepentista? Não! É o repentista, que toca de repente!
(7) Converssar: Sem explicação engraçada, de tão triste que é o erro!
Para aumentar meu repertório de erros e dicas, aguardo sugestões. Você lembra de mais algum agora? Não precisa mencionar a tradicional “excessão”, pois essa é velha amiga dos textos que recebo.
Bom fim de semana!!!
P Antes de imprimir, pense em sua responsabilidade com o MEIO AMBIENTE.
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