Manchester a beira mar - 2017 (filme)

Mais uma estreia desse fim de semana, o drama escrito e dirigido brilhantemente por Kenneth Lonergan conta a história de Lee Chandler  (Casey Affleck), um homem que viveu um grande trauma no passado e leva sua vida sem nenhuma vontade de viver. Carrega uma culpa enorme e assim não se permite recomeçar a vida é muito menos ter o direito de ser feliz. Melancólico, com um olhar triste, de poucas palavras e coração congelado como o clima da cidade onde se passa a trama.

Lee mora em Boston mas é chamado às pressas para Manchester pois seu irmão Joe (Kyle Chandler) sofrera um ataque cardíaco. Quando Lee chega ao hospital, George (C. J. Wilson, que para mim é uma cópia do Victor da dupla sertaneja), amigo da família informa que seu irmão já havia falecido. Então ele precisa dar apoio ao sobrinho de 16 anos, Patrick (Lucas Hedges).  

O filme começa então a trazer flashbacks que nos auxiliam a ir descobrindo aos poucos o passado de Lee e de toda a família.  Conhecemos por essas cenas a ex mulher de Lee, Randi (Michelle Williams, que amo desde Dawson's Creek e brilhou em 7 dias com Marilyn) e o drama conjugal vivido por eles.

Lee é um personagem magnífico que conta muito de seus sentimentos e conflitos internos apenas pelo olhar. Casey Affleck brilha em sua interpretação que lhe rendeu o Globo de Ouro de Melhor ator em Drama e é um fortíssimo candidato ao Oscar. O jovem Lucas Hedges também está ótimo e tem grande destaque na trama, mostrando os conflitos normais de um adolescente mas muito mais equilibrado que o tio.  Michelle Williams dá um show nas pouquíssimas cenas que faz. Principalmente na que ela encontra Lee na rua casualmente.  Momento mais tenso e profundo do filme.

O diretor também merece indicação ao Oscar pois ele conseguiu fugir do lugar comum dos dramas. As cenas não mostram tudo que aconteceu, mas percebemos pelas feições e comportamento dos personagens toda a carga densa dos fatos, apenas subentendidos sem a necessidade de exploração de cenas óbvias de gritaria, brigas e dor. Sabemos perfeitamente o que aconteceu mesmo sem ver os detalhes. Perfeito.

Uma curiosidade: o filme traz Matthew Broderick (De Volta para o futuro) numa pequena mas também muito forte participação. 
Um filme que nos faz refletir muito. Será que estamos dando uma chance a nós mesmos de sermos felizes? Será que também não nos deixamos afogar em culpas e traumas do passado? Será que somos um pouco Lee? Espero que ninguém seja como ele, pois é realmente um desperdício viver a vida de forma tão nublada e fria como ele. 

Vale muito a pena conferir. Recomendo!

Comentários