Filme nacional estrelado por Glória Pires, retrata parte da vida de Nise da Silveira, psiquiatra nascida em Maceio em 1905 e falecida em 1999 no Rio de Janeiro. O filme começa no ano de 1944, com ela retomando seus trabalhos no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II (no Engenho de Dentro, Rio de Janeiro). O filme segue então narrando sua trajetória no hospital até 1952, quando funda o Museu de Imagens do Inconsciente.
O filme muito interessante para saber um pouco sobre a vida dessa dedicada e humanitária médica, que enfrentou todo o tipo de preconceitos para conseguir mudar a mentalidade dos psiquiatras que usavam técnicas agressivas como eletrochoques e lobotomia em seus pacientes. Ela conseguiu revolucionar o tratamento dos seus “clientes” (sim, ela não os tratava como pacientes) introduzindo a terapia ocupacional com pintura e modelagem, além da adoção de animais como “co-terapeutas” numa forma de desenvolver as emoções das pessoas em tratamento.
Confesso que o filme não foi muito claro quanto a vida dessa exemplar figura, com algumas passagens que não são facilmente entendidas. Logo no inicio, ela é recebida no instituto com mensagens de bem vinda de volta, mas ninguém diz quando ela se afastou e nem os motivos. Na verdade, ela fora presa em 1936 e ficara no presídio Frei Caneca por 18 meses, por suas idéias marxistas, após denuncia de uma enfermeira que trabalhava com ela. Após a saída da prisão, precisou viver na clandestinidade com seu marido até ser reintegrada ao serviço público em 1944, quando se inicia a história narrada na telona. Em outro ponto, apenas são exibidas as obras produzidas por seus “clientes” numa galeria, sem mencionar que se tratava do Museu de Imagens do Inconsciente. Parecia ser apenas uma exposição. Também não há referencias de datas e ficamos sem a noção de quanto tempo ela já estava cuidando dos pacientes até que decidisse expor seus trabalhos. No filme também mostra que ela trocou correspondência com Carl Jung, um dos pais da psicologia moderna, mas, mais uma vez, peca por não mostrar a intensidade dessas comunicações e o fato deles terem se conhecido pessoalmente e ela ter estudado o Instituto Carl Jung em Zurique.
O filme poderia ser mais completo, trazendo esses detalhes que citei acima e até mesmo continuando com a narrativa de sua vida, pois ela teve uma vida muito mais produtiva do que apenas os anos no sanatório do Engenho de Dentro. Enfim, o filme é ótimo, emocionante e bem didático, mas peca nos pontos que citei. De qualquer forma, ao menos valeu por me despertar o interesse sobre a biografia de Nise e me estimular a buscar mais informações pela internet mesmo. Mas sei que essa não é a realidade da maioria, qua vai acabar saindo do cinema sem entender de forma plena a importância dessa grande personagem para a psiquiatria.
Ah, preciso mencionar aqui o excelente trabalho dos atores que fazem os “clientes” dela, cada um com seus trejeitos, cada um com sua “loucura”. Os atores são: Simone Mazzer (Adelina), Fabio Bauraqui (Otávio), Julio Adrião (Carlos), Fabrício Boliveira (Fernando), Claudio Jaborandy (Emygdio), entre outros.
Eu recomendo o filme. Um turbilhão de sentimentos e emoções.
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