Uma visão sobre o Rock in Rio

Passado mais de uma semana do término da edição do festival desse ano, estou aqui refletindo e compartilhando minhas impressões sobre o que vi por lá. Estive em apenas duas noites: a primeira e a última. Já escrevi aqui no blog sobre os shows que vi, mas não comentei muito sobre o festival como o todo. Levando em consideração que estive em outras edições: em 1991, no Maracanã, em 2001 na cidade do rock e em 2011 na mesmo parque dos atletas onde ocorreu a edição desse ano, posso dizer que pouca coisa mudou. Mas tem muita coisa a melhorar.

A infraestrutura é ótima, com banheiros grandes e limpos, o gramado artificial é maravilhoso, para descansarmos e também para evitar o lamaçal que seria caso ficasse o chão de terra batida. A qualidade do som é ótima, tanto no Palco Mundo quanto no Sunset. O line up é bom, mas alguns artistas nacionais me cansam. São sempre os mesmos em todas as edições. Capital, Cidade Negra, Paralamas, Lulu... Cadê os nomes novos de nossa música? Sei lá, se hoje nossa musica tem funk e sertanejo, não vejo porque não colocar uma Anitta ou Luan Santana para tocar (mesmo que eu não goste de sertanejo, acho que tem que ter espaço para eles sim). Imagine uma noite misturando sertanejo e Country? Seria interessante.

Achei os shows do Palco Sunset muito melhores que os do Palco Mundo. As misturas de ritmos e de artistas conhecidos com outros menos famosos trouxe uma musicalidade riquíssima para esse palco, onde era muito fácil ficar próximo ao palco. Consegui em todos os shows ficar no canto esquerdo do palco, colado na grade, pois as pessoas chegavam pelo lado direito e se acumulavam ali, para poderem sair mais rapidamente para o Palco Mundo. Aliás, a promessa de que não haveria shows simultâneos entre os dois palcos foi cumprida, porém, não havia tempo de sair de um palco e chegar no outro. O intervalo era nulo, ótimo para o Multishow fazer as transmissões, mas péssimo para quem queria ver dois shows seguidos, um em cada palco. Nem correndo você conseguia se mover (como eu digo mais adiante, o espaço é pequeno e as pessoas sentadas viram um obstáculo difícil de atravessar).

Os shows que mais curti foram, em ordem: Queen + Adam Lambert, a-ha, Tributo a Cassia Eller, Katy Perry, Homenagem aos 450 anos do Rio, Al Jarreau e Tony Tornado com IRA! Achei fraca a homenagem aos 30 anos do festival, com as musicas de sempre de Blitz, Skank, Jota Quest e Paralamas...

Mais uma vez, o primeiro dia do festival foi um grande teste da acessibilidade e DEU MERDA. Filas e brigas na estação Alvorada do BRT na ida para o show. Algumas pessoas levavam mais de uma hora para conseguir entrar num dos ônibus. E na saída do festival então, um grande curral para chegar aos ônibus fez com que ninguém conseguisse sair de dentro do parque por quase uma hora e meia. Mesmo quem não ia para os ônibus e tinha outra forma de transporte ficou presa, esperando que a massa se movimentasse. Isso foi resolvido e no ultimo dia não vi um tumulto sequer.

O ponto que mais precisa ser melhorado é o espaço. O lugar onde o festival acontece é pequeno, tanto que reduziram a quantidade de ingressos a venda. Esse ano foram 85.000 ingressos por noite. E mesmo assim, ficou apertado. No intervalo dos shows, quando as pessoas se sentam no gramado para descansar, fica difícil circular pelo espaço. Esse ano eu nem passei perto da Rock Street e do Palco eletrônico, pois para chegar lá era uma verdadeira maratona, não pela distância, mas pela dificuldade de ultrapassar as pessoas sentadas e deitadas pelo caminho. As lojas de alimentos próximas ao Palco Mundo ficam espremidas e cheias de fila, enquanto as mais distantes, depois do Palco Sunset, ficam vazias e sem fila. O numero de ambulantes vendendo chopp precisa ser aumentado, pois eles mal saem dos depósitos e já acaba a bebida, não conseguindo chegar nem perto do palco principal. Sem falar que os malandros enchiam meio copo de espuma e só a retiravam se o cliente reclamasse. As lojas de souvenirs, roupas e acessórios sdeveriam ficar mais afastadas, pois ocupam muito espaço logo na área nobre. Sei que o festival se faz por conta dos patrocinadores, mas essa regra precisa ser revista.

Além da questão do espaço, outro são as filas nos brinquedos. Ponto para o festival que trocou as filas reais para o agendamento. Porém “deu ruim”. Havia filas enormes para agendamento e alguns brinquedos tiveram os ingressos esgotados em menos de duas horas após a abertura dos portões. No primeiro dia, durante o show do One Republic, tentei ir na Tirolesa. Não tinha fila, mas também não tinha vaga. Os horários haviam sido reservados, mas ninguém aparecia lá para brincar. Ou seja, o brinquedo ficou parado. O mesmo aconteceu no ultimo dia, na Montanha Russa. Os carrinhos siam com menos da metade de sua capacidade durante o show do Cidade Negra, pois quem havia agendado simplesmente não apareceu. Esse mecanismo precisa ser revisto, nem que seja com duas filas: agendados e não-agendados.

De uma forma geral, pelo preço que se paga nos ingressos, o que recebemos em retorno é justo, mas o festival precisa se reinventar, pois as atrações tem se repetido muito e em pouco tempo o Palco Sunset vai atrair mais gente do que o principal, pois as pessoas vão cansar de ver sempre a mesma coisa. Sem falar nas demais atrações, que precisam se renovar também. Aquela roda gigante é totalmente descartável, por exemplo. Vamos ver o que Medina nos trará em 2017 e 2019.

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