Ontem foi terça-feira, dia de mais um show no NYCC. O projeto que leva música para o pátio central do shopping é bem interessante, mas fico entristecido de ver que pouca gente vai ali para assistir aos shows. Depois, ouvimos que não existe fomento à cultura, que o povo não tem acesso à arte. Ora, se não há público, as iniciativas reduzem também. Uma pena! Tenho visto vários shows ali e, nos diversos estilos: samba, rock, MPB, mas sempre com uma plateia mínima. O fato é que o público realmente não se interessa pelo novo e aparece apenas quando é um artista conhecido ou uma bandinha da moda. O projeto recebe ainda esse mês, no dia 25, a banda Devir, que participou da edição desse ano do programa Superstar da Rede Globo. Tenho certeza de que, por se tratar de uma banda que esteve na mídia recentemente, o publico será maior.
Dessa vez, o espaço foi tomado por muita MPB, com músicas de Gil, Caetano, Djavan, Ana Carolina, Leoni e, numa exceção aos compositores brasileiros – mas com arranjos bem abrasileirados – “Black or White”, sucesso de Michael Jackson que já foi gravado por Caetano Veloso.
Tímida ao falar com o publico, mas com uma voz suave ao derramar a poesia em forma de música, Clara Gurjão se apresentou com seu violão e acompanhada de Danilo Andrade na percussão. O repertório foi “A menina Dança”, “Marina”, “Serrado”, “Black or White”, “Abraçaço”, “Cabide”, “Palco”, “Muito”, “Esotérico”, “Pequenos Segredos” (autoral), “Pagu”, “Chiclete com Banana”, “Garotos II”, “À Primeira Vista” e “Fora da Lei”. Fiz alguns vídeos e montei uma playlist que você acessa clicando aqui.
Clara está trabalhando na produção de um álbum autoral que deverá ser lançado no início do próximo ano. Apenas duas faixas não são dela, uma é “Muito”, de Caetano, que ela cantou ontem e outra é um bolero. Das autorais, ela cantou “Pequenos Segredos”, que tem uma letra bem atual e uma batida gostosa. Pena que ela não tenha apresentado outras canções suas no show. Quem quiser conhecer melhor o seu trabalho, agenda e tudo o mais, basta seguir sua página no facebook, clicando aqui.
Aproveitando o fato de ontem ter visto apenas uma canção autoral, quero levantar aqui uma questão que muito me incomoda. Muitas vezes vejo artistas novos se apresentando com receio de incluir suas músicas autorais ou, quando já tem algum tempo de estrada, colocar canções novas no repertório. Talvez seja por temer que o publico disperse ou perca o interesse no show. E isso acontece até mesmo com grandes nomes do cenário nacional, que se apresentam cantando as mesmas musicas que já fizeram sucesso no passado e incluindo poucas de seu repertório mais atual. Realmente não entendo muito isso. Bandas e artistas celebrando 20, 30 e até 40 anos de carreira, mas cantando sempre a mesma coisa. Isso é cultural aqui no Brasil. Parece que é uma “pressão” do público para ouvir o que já conhece. Mas no fundo pode ser também porque o povo tenha poucas chances de ir a shows e, quando conseguem, os artistas querem mostrar aquilo que o publico já conhece, em vez de arriscar novidades. Bem diferente são os artistas internacionais: quando iniciam uma turnê sempre colocam 80% das musicas do álbum novo e apenas alguns hits antigos. Mas aqui, ao contrário, os shows são permeados por sucessos e apenas pouca novidade. Na categoria de quem lança novidades a cada turnê temos Maria Bethânia, Ney Matogrosso, Daniela Mercury. Do outro, Roberto Carlos, Lulu Santos, Roupa Nova e outros. Enfim, uma dinâmica de mercado que precisa ser revista...
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