(read it in english below)
Maria Bethânia está completando 50 anos de carreira e para comemorar, começou sua mais nova turnê no dia 10 de Janeiro, aqui mesmo no Rio. Fui ao segundo show, no Vivo Rio, no último domingo. Ontem rolou o terceiro show e amanhã e domingo rolam os últimos dois na cidade maravilhosa. Ela seguirá turnê pelo Brasil e ficarei na torcida para que volte logo à nossa cidade para poder vê-la novamente.
O show, como todos os últimos dela, é dividido em dois atos. No primeiro, ela canta grandes sucessos de sua carreira incluindo composições de Raul Seixas, Chico Buarque, Caetano, Chico Cesar, Gonzaguinha, Arnaldo Antunes, Tom Jobim entre outros, além de declamar poesias de Clarice Lispector e dela própria. Já o segundo ato começa com músicas que remetem às águas e depois segue baseado principalmente no seu último CD, lançado ano passado – Meus Quintais – também intercalando poesias e terminando com uma contundente apresentação de “Non Je Ne Regrette Rien”, imortalizado na voz de Edith Piaf e Bibi Ferreira. Confesso que quando vi o setlist (havia um programa gratuito em cada mesa na casa de shows), fiquei receoso, pois o sotaque baiano em nada combina com a canção francesa. Mas Bethânia o fez de forma magistral, com uma iluminação bem contida, palco bem escuro e, no meio da canção, recitou seus versos em português. O Vivo Rio inteiro levantou-se e aplaudiu de pé por uns dois minutos. Com certeza, o ponto alto do show. Ela saiu do palco ao som de Carcará e voltou para o bis cantando “Sonho Impossível” e depois “O Que é o que é”, que tem sido a saideira em seus últimos shows, quando ela passa então cumprimentando o público que se aperta no gargarejo para tocar suas mãos.
Como sempre, sua voz é o fundamental para preencher o palco. Os músicos de sua orquestra ficam nas laterais e ela pouco se movimenta. Mas dessa vez, além da iluminação primorosa, ela conta com um tablado que é um grande telão onde são feitas projeções ao longo do show. Infelizmente, mesmo sendo ligeiramente inclinado o piso, eu estava numa mesa na plateia e não consegui ver os efeitos. Por isso, recomendo que comprem seus ingressos para vê-la dos camarotes, pois é um espetáculo mais lindo se ver de cima.
Por ser uma turnê em comemoração aos seus 50 anos de carreira, esperava que houvessem mais sucessos de sua trajetória, mas ela focou mesmo no seu último trabalho. Boa parte do segundo ato achei muito lenta, atéum pouco cansativa. O repertório poderia ao menos alternar entre as canções novas e outras mais antigas, como ela fez na última turnê. Li uma vez que ela é contra fazer show de sucessos, pois isso mostra que o artista não consegue mais produzir material novo. E ela realmente não precisa de seus sucessos para lotar uma casa de shows. Então, entendo a sua posição e escolha de repertório. Falando nisso, vamos a ele:
ATO 1: O eterno em mim, Dona do dom, Gita, A tua presença, Nossos momentos, Começaria tudo outra vez, Gostoso demais, Bela mocidade, Alegria, Vos de mágoa, Dindi, Você não sabe (essa ela não cantou no dia que fui), Tatuagem, Meu amor é marinheiro, Todos os lugares, Rosa dos ventos.
ATO 2: Tudo de novo, Doce, Oração à Mãe Menininha, Eu e Água, Abraçar e Agradecer, Vento de Lá – Imbelezô, Folia de Reis, Mãe Maria, Eu a viola e Deus, Criação, Casa de Caboclo, Alguma voz, Maracandê (canto Tupi na voz de Márcia Siqueira), Xavante, Povos do Brasil, Motriz, Viver na fazenda, Eu te desejo amor, Non je ne regrette rien, Silêncio
BIS: Sonho Impossível, O que é o que é.
Enfim, nem vou dizer que é um show para se emocionar, para ver e rever, pois todos os shows de Bethânia são assim. Sua voz ao vivo tem uma carga que não fica registrada nas gravações de estúdio. No palco ela é muito mais que uma cantora, ela é uma intérprete sem igual, ela transborda emoção em cada sílaba, em cada nota, em cada acorde. A maior artista brasileira atual.
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Maria Bethânia is completing 50 years of career and to celebrate it, she began her latest tour on January 10th, right here in Rio. I went to the second show, in Vivo Rio, last Sunday. Yesterday she gave the third concert and tomorrow and Sunday there will be the last two in the marvelous city. She will than tour around Brazil and I will be cheering for her to hurry back to our city so that I can watch her again.
The show, as all her last ones, is divided into two acts. At first, she sings great successes of her career including compositions by Raul Seixas, Chico Buarque, Caetano, Chico Cesar, Gonzaguinha, Arnaldo Antunes, Tom Jobim, among others, in addition to recite poetry of Clarice Lispector and her own. The second act begins with songs which refer to waters and then is based mainly on her latest CD, released last year – Meus Quintais – also interweaving poetry and ending with a strong presentation of "Non Je Ne Regrette Rien", immortalized in the voice of Edith Piaf and Bibi Ferreira. I confess that when I saw the setlist (there was a free program on every table) I was afraid, because her accent doesn’t match with the French song. But Bethânia did in masterful form, with a lighting well contained, very dark stage and, in the middle of the song, recited it’s lyrics in Portuguese. The full audience rose and cheered up by a couple of minutes. Of course, this was the climax of the show. She left the stage while the musicians were playing Carcará and returned for the encore singing "Sonho Impossível" and then "O que é o que é", which has been a nightcap in her later concerts, when she then greets the public in front of the stage by touching their hands.
As always, her voice is enough to fill the stage. The musicians of her Orchestra sit on both sides of the stage and she almost do not move from the middle position. But this time, in addition to the exquisite lighting, she relies on a raised platform which is a big screen where projections are made during all the show. Unfortunately, even being slightly tilted the floor, I was at a table in the audience and I couldn't see the effects. I therefore recommend you to buy your tickets to see her from the upper level, as it is a most beautiful spectacle if viewed from above.
For being a tour celebrating her 50-year career, I hoped there were more hits from her career, but she has focused in her last job. Much of the second act I found it very slow, a little tiring. The repertoire could at least switch between the new songs and other more known by the audience, as she did on the last tour. I read once that she is against doing a concert only of successes, because it shows that the artist can no longer produce new material. And she really doesn't need to sing only hits to fill a concert hall. So, I understand her position and choice of repertoire. Speaking of which, let's go through it:
ACT 1: O eterno em mim, Dona do dom, Gita, A tua presença, Nossos momentos, Começaria tudo outra vez, Gostoso demais, Bela mocidade, Alegria, Vos de mágoa, Dindi, Você não sabe (essa ela não cantou no dia que fui), Tatuagem, Meu amor é marinheiro, Todos os lugares, Rosa dos ventos.
ACT 2: Tudo de novo, Doce, Oração à Mãe Menininha, Eu e Água, Abraçar e Agradecer, Vento de Lá – Imbelezô, Folia de Reis, Mãe Maria, Eu a viola e Deus, Criação, Casa de Caboclo, Alguma voz, Maracandê (canto Tupi na voz de Márcia Siqueira), Xavante, Povos do Brasil, Motriz, Viver na fazenda, Eu te desejo amor, Non je ne regrette rien, Silêncio
ENCORE: Sonho Impossível, O que é o que é.
Anyway, I'm not even going to say it's a show to be moved, to see and review, as all shows of Bethania are like that. Her voice in live concerts has a emotional power that is not heard on the studio recordings. On stage she is much more than a singer, she is an interpreter like no other, she pours emotion into each and every syllable, note and chord. The current best Brazilian artist.
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