Rock in Rio - O Musical

Ontem foi noite de estreias: foi (re)inaugurada a Cidade da Música (quem não se lembra daquela inauguração fictícia de César Mais ao apagar das luzes de seu governo) e estreou o musical "Rock in Rio – O Musical". A primeira coisa que notei foi que a Cidade da Música mudou de nome e agora se chama Cidade das Artes, nome mais propício, pois não teremos apenas concertos e shows por lá, mas também apresentações de dança, exposições e muito mais (pelo menos é o que se fala). O lugar ainda está inacabado, com muitos resquícios de obra, piso respingado de tinta e entrada de estacionamento e bilheterias improvisadas. Não fui ao toalete e nem à cafeteria (que estava com uma fila enorme). O público presente ontem era de quase 1300 pessoas, deixando o estacionamento lotado e causando uma pequena retenção na saída. Mas não vi maiores problemas na organização da casa.

O musical, dirigido por João Fonseca e escrito por Rodrigo Nogueira, é sensacional. São mais de três horas de espetáculo, com um elenco de 25 atores em cena e pelo menos 10 músicos. Os nomes mais conhecidos do elenco são Lucinha Lins e Guilherme Leme  que interpretam respectivamente Sônia, mãe de Alef (Hugo Bonemer) e Orlando, organizador do festival fictício do enredo e pai de Sofia (Yasmin Gomlevsky). Hugo Bonemer (que pelo sobrenome descobri ser primo de William Bonner) já é conhecido do público pois foi protagonista do musical Hair, há dois anos, mas Yasmin eu não conhecia ainda.

Alef é um jovem que sofre de mutismo seletivo, ou seja, parou de falar após um trauma sofrido na infância, quando perdeu seu pai de forma trágica. Ele estuda na mesma universidade onde leciona sua mãe onde acaba conhecendo Sofia, jovem que perdera a mãe muito jovem. Os dois se apaixonam e descobrem que têm histórias bem parecidas. Têm problemas com seus pais e possuem um forte relacionamento com a música: Alef se refugia nela e Sofia odeia. No país em que vivem e na época retratada, os jovens estão revoltados contra o governo, recém saído de uma ditadura militar e os protestos são constantes. O grupo de amigos da universidade decide aderir ao movimento e discutem como fazê-lo. Em paralelo, Orlando está organizando um grande festival de música que pode ajudar a transformar o cenário do país.

Nesse contexto, as músicas das diversas edições do Rock in Rio são interpretadas pelos atores em cena, incluindo canções de  Ivete Sangalo, Queen, Shakira, Guns'n'Roses, Geroge Michael, Elton John, James Taylor, Cazuza, Legião Urbana, Rita Lee, Skank e muito mais (são mas de 50 canções). Interessante que parte das musicas de artistas internacionais são traduzidas para o português mantendo-se seu significado original. Ponto positivo para o autor.

No início do espetáculo, Hugo Bonemer estava visivelmente nervoso e acabou desafinando nos primeiros acordes. Por instantes, achei que seria um fiasco, mas em poucos minutos eles conseguiu mudar minha impressão. Ainda nesse primeiro numero, vários atores aparecem em cena caracterizados como cantores que passaram pelo festival, como Ney Matogrosso, Elba Ramalho, Ivete, Katy Perry, Nina Hagen, Axl Rose, Elton John, Sandy e Junior, Britney, Freddie Mercury entre outros.

A produção é luxuosa, com iluminação, figurinos e cenografia que são fundamentais para a transição entre personagens e ambientes. Muito bom mesmo. A qualidade do som também é ótima, mas em alguns momentos houve falha no volume dos microfones mas sem prejudicar as interpretações. Apenas um ponto negativo: em alguns cenários, como na loja de discos, são tantos personagens em cena se movimentando que fica difícil ver quem está falando, pois o som estéreo do ambiente não permite que identifiquemos rapidamente de qual ponto do palco está o ator que está proferindo suas palavras.

Em resumo: VALE MUITO A PENA ASSISTIR. Não consegui transpor aqui em palavras as imagens e música que envolvem o público ao longo do espetáculo, então, corre, vai conferir!