No final do ano passado, em comemoração aos 100 anos da Nivea, Maria Rita abraçou o projeto “Viva Elis”, cantando músicas que se tornaram clássicos na voz de sua mãe, Elis Regina. O projeto previa algumas apresentações gratuitas em locais públicos pelo Brasil e foi encerrado em maio desse ano. Porém, devido ao enorme sucesso e pedidos de fãs, o projeto virou uma turnê e será até registrado em DVD (no próximo dia 11, em São Paulo na Via Funchal). No último fim de semana, ela passou pelo Rio e se apresentou em 3 noites no Citibank Hall.
O nome do show mudou para “Redescobrir” e esse título é bem significativo. Maria Rita era uma criança quando sua mãe faleceu e teve pouco contato com ela. Conheceu sua mãe mais através de depoimentos de amigos e pela discografia e biografia da cantora. Ela mesma diz que quando adolescente não entendia porque sua mãe cantava determinadas músicas, achava aquilo um pouco íntimo demais para ser exposto. Mas, com a maturidade, a maternidade e também por ser uma cantora, redescobriu sua mãe. E, embora desde o início da carreira relutasse sem ser comparada a ela, acabou cedendo e concluindo que era o momento para fazer essa homenagem.
O show traz canções de todas as fases da carreira de Elis, suas grandes parcerias com Milton Nascimento, Ivan Lins, Tom Jobim, Rita Lee, enfim, diversos nomes que eram ícones ou que foram lançados por ela. Também é lembrada a época dos festivais (com “Arrastão”), as músicas de protesto, as decepções amorosas,enfim, tudo. O repertório inclui “Ladeira da Preguiça”, “Alô, alô, Marciano”, “Águas de Março”, “Madalena”, “Aprendendo a Jogar”, “Como Nossos Pais”, “Morro Velho”, “Saudosa Maloca”, “O Bêbado e a Equilibrista”, “Se Eu Quiser Falar Com Deus”, “Romaria”, “Zazoeira”, “Maria, Maria”, “Fascinação” e muito mais. Confesso que senti falta de “Atrás da Porta”, “Dois pra lá, Dois pra Cá”, “O Mestre-sala dos Mares” e “O Trem Azul”, mas é impossível colocar tanta coisa em apenas um show. E olha que o show dura duas horas (incluído o bis).
Maria Rita lembra muito a mãe não apenas no timbre de voz, mas nos trejeitos, sorrisos e timidez. E nesse show ela parece fazer questão de mostrar essas semelhanças. Muito carismática, só falta mesmo a entrega que Elis tinha. Ela canta bem, mas vê-se que é uma cantora no palco e não uma pessoa sofrendo e vivendo o que interpreta. Elis vivia cada acorde, cada verso, sua filha não consegue fazer isso, provando que ela será sempre única na constelação musical de nosso Brasil.
O cenário é simples, mas sofisticado. Cortinas brancas que mudam de cor de acordo com a iluminação contrastam com o também branco vestido de Maria Rita, criando um ambiente leve e limpo. O show é muito bom e vale a pena conferir.
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