Fiquei alguns dias pensando se eu escrevia um único post sobre o Pre-Caju ou um sobre cada um dos blocos que acompanhei. Resolvi escrever então apenas esse aqui (longo, mas único). O Pre-Caju é um Carnaval fora de época (ou micareta, como se diz por aí) que acontece em Aracaju sempre no final de janeiro. De um modo geral, achei o Pre-Caju muito melhor que o carnaval baiano.
Esse ano o evento começou dia 20 e se estendeu até o dia 23. A cidade pára para o evento como ocorre em Salvador no Carnaval. Mais de 30.000 turistas foram para lá para acompanhar a folia. Nas quatro noites de evento, apresentaram-se bandas como Cheiro de Amor, Vixe Mainha (com Gilmelândia, vocalista da extinta Banda Beijo), Timbalada, Parangolé, Psirico, Aviões do Forró, Ivete Sangalo, Chiclete com Banana, Eva, Claudia Leitte, Luiz Caldas e outros menos conhecidos aqui no Sudeste. Atrações bem selecionadas para um grande evento. Detalhe: teve até um trio com Mc Serginho e Lacraia, mostrando que não só de Axé e forró é feito o evento, rsrs.
O percurso dos trios leva em média de 4 a 5 horas para ser feito, ou seja o equivalente ao trajeto Barra-Ondina de Salvador. Também, assim como lá, há trios com corda (acesso apenas com abadá) e outros sem corda. Mas, diferente de Salvador, o espaço para o pessoal da pipoca (aqueles que acompanham o trio sem abada e fora da corda) é bem maior. Como a avenida é larga e de mão dupla, o trio segue por uma via e a pipoca na outra. Assim, o empurra-empurra e o tumulto são bem menores que em Salvador.
De forma geral, o evento é bem organizado. Ao lado de cada trio, sai uma viatura da policia com 4 ou 5 policiais. Isso sem contar os seguranças que seguem dentro da corda dos trios e os policiais espalhados pela rua. Também há um esquema de revista das pessoas que chegam à avenida. Nas esquinas de acesso há barreiras com policiais que fazem a revista com detectores de metal.
Os ambulantes montam suas barraquinhas na área por onde passa a pipoca e também nas calçadas. Alguns circulam com seus isopores no ombro e conseguem entrar na área das cordas para vender cerveja e ice. Aliás, ponto fraco para o evento: 98% da cerveja vendida é Nova Schin. Penei para conseguir uma Skol. Brahma e Antarctica não existem. Acabei bebendo mesmo muita ice. Havia banheiros químicos espalhados ao longo do percurso e sempre com pouca fila. Ótima estrutura, sem contar que no carro de apoio dos trios também havia banheiros. Mas mesmo assim, muito foliões faziam seu xixi nos cantos e muros.
Pra quem curte axé e forró, um excelente evento. Melhor mesmo que Salvador, pois é menos tumultuado, menos fedorento (em Salvador, depois de 3 dias de folia, as ruas fedem demais), mais barato (tanto a hospedagem quanto os abadás), e com muita agitação. Vale conferir.
Os blocos que acompanhei foram Ivete, Chiclete, Cheiro e Timbalada. Então um breve resumo de cada um deles:
TIMBALADA
Conheço pouquíssimas músicas deles e por isso, andei a maior parte do percurso sem pular ou cantar, mas o povo parecia conhecer bastante. Alias, a maior parte dos foliões era de “locais” de todas as idades, jovens, maduros e até crianças. O bloco estava vazio se comparado aos outros, mas também ele saiu na quinta e muita gente trabalhava na sexta. Foi bom, pois assim o espaço ficou mais amplo. Não vale a pena pagar abada para esse bloco, exatamente porque ele sai num dia mais vazio, e acompanhar da pipoca não é tumultuado. Denny repetiu poucas músicas, cantou muitas que não são da banda e empolgou mais no final das 4h30min de percurso. Eu não agüentei e saí antes do final para comer e descansar os pés.
CHEIRO DE AMOR
Alinne Rosa começou cantando os antigos sucessos da banda, a parte que mais gostei, pois sou velho (rsrs). Depois, emendou com sucessos novos e músicas de outros artistas. Ela soube intercalar músicas agitadas com outras mais lentas. Assim, o povo conseguia respirar e acompanhar o bloco na boa. O percurso levou quase 5h, um dos mais demorados. A chuva não chegou a atrapalhar o trio, ao contrário, ajudou a refrescar. Tinha mais gente que no Timbalada, mas ainda assim dava pra circular dentro do bloco sem tumultos. A pipoca também estava tranqüila. Bloco com muitas meninas e gays. Havia também casais e alguns homens “à caça”. rsrs
CHICLETE COM BANANA
Um dos mais tradicionais trios elétricos, Chiclete se apresentou dois dias (eu fui no sábado). Choveu praticamente o percurso todo e isso acabou prejudicando a evolução. O trio terminou o percurso em pouco mais de 4 horas, depois de um atraso de 1h e meia para iniciar o trajeto. Também conhecia poucas músicas, mas Bell fazia o povo pular, correr de um lado pro outro e tudo o mais. Pena que o bloco estava muito cheio. Assim, a circulação dentro da corda era ruim. Por várias vezes, acabei indo pra pipoca que estava mais tranqüila do que ali dentro. A freqüência do bloco era de muitos casais e um pessoal acima dos 30 anos. Poucas meninas adolescentes se aventuraram. A maior parte da mulheres que foi estava acompanhada de seu marido/namorado.
IVETE SANGALO
Ivete se apresentou no Domingo e começou também com um atraso de uma hora. Terminou o percurso em exatas 4 horas, o mais rápido de todos que acompanhei, mas o único que agüentei até o fim. Embora estivesse lotado, a distância entre o carro principal e o de apoio era grande, então havia um espaço razoável para os foliões brincarem. No meio do percurso caiu um temporal, mas passou logo. Foi bom para refrescar mas assustou, por causa das chuvas da véspera. O público era composto por muitas meninas e pessoal jovem em geral. Havia muitos gays que se beijavam no meio do povo, sem nenhum tipo de reações homofóbicas. Ivete cantou praticamente o seu repertório do DVD gravado no Madison, incluiu alguns outros sucessos e depois repetiu tudo de novo. Parece que ela fez um set list para duas horas e o repetiu inteiro na mesma sequência em seguida. Perdeu pontos por causa disso. Mas ainda assim, como eu conhecia quase todas as músicas, foi uma apresentação boa.
De tudo que acompanhei, acho que as melhores atrações foram Ivete e Timbalada, seguido por Cheiro e por fim o Chiclete (que correu muito e foi prejudicado pela chuva).
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