- Voltou sim! Ela está no circo! Eu vi! Não minta! E o senhor saiu com ela de barco esses dias.
- Sim, ela andou no meu barco. Mikaloski é filha da Nath Al Meida!
- Mas como ela sobreviveu, o que você fez?
- Eu fiz uma pequena jangada, a tirei dos braços de Nath, dizendo que tinha que matá-la. Nath chorou muito! Ela não queria que nossa filha morresse!
- Nossa filha?
- Sim, Ju é minha filha também. Por isso não tive coragem de matá-la. Não consegui. Eu pus fogo em toda a aldeia, mas não tive coragem de matar nem a ela e nem a Nath.
- Então, o senhor fez o que com a criança?
- Eu a coloquei na jangada e deixei que o rio morto a levasse! Deixei um bilhete para quem a encontrasse que se ela ainda estivesse viva, por favor a criassem. E disse quem eram seus pais e de onde ela tinha saído. Mas pedi que não contassem nada a ela até que ela tivesse idade suficiente...
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Fred estava arrumando as mercadorias na prateleira quando Silvia chega e diz:
- Precisamos conversar, Fred.
- Sobre?
- Sobre nossa separação.
- Ué, mas já somos separados.
- Sim, mas essa pensãozinha merreca que você me paga não dá pra nada.
- Ah, é? Imagina se eu cobrasse toda a cerveja que você bebe aqui no bar? Sem falar nas mercadorias que vejo você pegando.
- Olha, até parece. Isso é o mínimo que você podia fazer...
- Silvia, eu não te entendo. Você já ficou com nossa casa, te dou pensão e você ainda fica querendo mais agora? Que que tá acontecendo?
- É meu irmão...
- Teu irmão? Quem? O Pymenta?
- Ele mesmo.
- Mas o que tem ele?
- Ele está desempregado, me mandou um telegrama pedindo ajuda!
- Ah, aquele malandro. E você acreditou?
- Acreditei, sim. Dessa vez é verdade.
- Silvia, ele sempre te Edu dinheiro. Onde ele ta morando agora? Ainda ta em Salvador.
- Não, ele tá...
- Ta viajando e quer que você banque a mudança dele, né? – disse, interrompendo a fala dela.
- Calma, não me interrompa! Ele tá vindo pra cá!
- O quê? Pra que que ele vem pra cá?
- Parece que ele brigou com a mulher e foi expulso de casa!
- Ah, bom! Sabia que ela tinha bom senso. Ninguém ia agüentar ele tanto tempo. Até que a Vivian teve juízo.
- Juízo? Que nada! No telegrama ele diz que ela trocou ele.
- Bem feito! Ela deve ter encontrado um cara que a faz feliz. Como era infeliz a coitada.
- Que homem o quê! Ela ta com uma mulher.
- Hein???? – Fred deixou as latas caírem no chão e virou-se para ouvir a história.
- Ela está saindo com uma tal de Thay!
- Ah ah ah ah! Então ela largou o escroque por uma mulher!? Ah ah ah ah! Não sei se fico com pena dele ou se acho bem feito!
- Ah, coitado! Não fala assim dele!
- O que mais ele disse no telegrama.
- Disse que todos os amigos debocharam muito dele e que ele não tem coragem de falar com ninguém e que chega no ônibus de amanhã!
- Sei, e por causa disso, eu vou ter que te aumentar a pensão? Ele que peça pensão pra Vivian!
- Ai, Fred, deixa de ser ridículo.
- Bom, se ele já está vindo, não temos muito que fazer, mas.... Peraí. Já sei. Se ele quer vir e ficar no bem-bom, vou fazer uma proposta. Eu to precisando de alguém para me dar uma mão aqui no bar, pois a senhora não me ajuda mais há muito tempo! Vai até ser bom. Apesar de metido a malandro pelo menos ele tem bom relacionamento com o povo. Vou dividir o trabalho com ele. Assim, ele vai ter um ganha-pão aqui!
- Ai, Fred! Será muito bom mesmo.
- Mas que fique claro que ele vai trabalhar aqui! E não ficar de papo!
- Pode deixar, eu vou conversar com ele! Vai se ótimo pra todo mundo!
- Assim espero!
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O velho continuava conversando com PV.
- E no bilhete eu pedia que só quando ela fizesse 18 anos contassem. E graças a Deus, o plano deu certo. A menina cresceu longe daqui. Mas agora resolveu voltar. Ela me procurou e contei tudo.
- E Nath, já sabe disso?
FIM DO NONO CAPITULO
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