Nath Al Meida pega a imagem e decide levá-la para a delegada Quitéria. Já é noite na cidade então ela decide ir à casa de PV Torres para entregar a imagem. Quando ela chega lá, a criada Aline Silva diz que não será possível ela falar com a delegada, pois ela está em reunião com a prefeita Sarah e o Padre Renato. Curiosa, pergunta à índia qual o assunto. Ela mostra a imagem e conta o que aconteceu naquele final de tarde. Aline decide então chamar Ronaldo para ver se ele pode ajudar. Quando ela entra no seu quarto, ele estava no meio de sua malhação, corpo suado, músculos aparentes, sem camisa. A negrinha suspira, observando-o sem ser notada. Como ela deseja aquele rapaz! Nisso, PV Torres passa pelo corredor e grita “Que que tu fazendo aí, ô, negrinha!”. Ela se assusta e deixa cair o pano de prato que estava em suas mãos. O jovem Ronaldo também se assuta e fala para o pai: “Deixe ela, pai, não sei porque você a trata tão mal!”. O pai diz pra ele não se meter. Aline, ainda atordoada, pede desculpas e já ia se retirando, quando os dois perguntam o que ela queria. Só então ela se lembra que deixou a índia na cozinha, esperando com a estátua em mãos. Pai e filho seguem ela pelos corredores até chegar à cozinha.
A índia entrega a imagem para PV que, sabendo da reunião que estava rolando na sala, trata de despachar logo a pobre Nath, pega a imagem e vai para a sala, mas não sem antes soltar para a empregada: “vai cuidar do jantar que as visitas devem estar com fome” e emenda, falando pro filho: “e você, vai tomar um banho, pois o jantar já vai ser servido!”. Em seguida, entra na sala eufórico com a idéia que teve. Ele mostra a todos a imagem, e começa a compartilhar seus pensamentos.
- Amigos, enquanto vocês discutem aí como fazer a festa de semana que vem, eis que aquela velha índia vesga nos trouxe algo valiosíssimo.
- Mas essa estatua não me parece ter valor algum – interrompeu Sarah.
- Isso é o que você pensa – retrucou ele, continuando – essa imagem foi encontrada pelo velho Oc no rio morto. Não seria ótimo que mostrássemos isso para o nosso povo como sendo uma mensagem de Deus?
O padre levanta-se da cadeira, mas devido a sua pouca estatura, parecia que ficara mais baixo do que quando sentado, e diz:
- Deixe-me ver essa imagem... Parece mesmo uma santa.
- Sim, exatamente por isso acho que podemos usá-la para...
- Para colocar no altar de nossa igreja e chamar assim o povo brejense para vir conhecê-la na festa – animou-se o pároco.
- Com isso aquelas malditas beatas poderiam sossegar um pouco e parar de criar tanta confusão – completou Quitéria.
- Sim, sim! Essa estátua vale ouro – terminou PV
- Mas esperem um pouco, não seria melhor avaliar a procedência desse objeto – lembrou a prefeita.
- Prefeita, com todo o respeito – cortou secamente PV – achado não é roubado! – completou, coçando sua barba.
- Mas deixe-me vê-la com mais cuidado – disse a prefeita tomando a estátua em suas mãos – Vejam, tem uma inscrição nas costas “P. Maria Gil”. O que será que quer dizer?
- Quer dizer que nossa santa padroeira se chamará Santa Maria Gil – animou-se o padre, tomando a imagem em suas mãos.
- Mas será que o velho do rio e a índia não vão querer saber se fizemos alguma pesquisa sobre a propriedade desse objeto? – questionou Quitéria
- Pra que se preocupar com isso, querida? Você sabe que a índia não fala com quase ninguém e o velho ermitão só fala conosco mesmo. Eles não vão questionar nadica de nada!
- E como vamos apresentar a nova santa para o povo? – perguntou Renato
- Vamos amanhã mesmo anunciar o milagre! – respondeu PV
- E o show que estamos planejando para a próxima semana? Vamos cancelar então?
- Nada disso, dona prefeita. Por favor, feche o contrato com essa cantora Natalia Lima e traga ela na próxima semana. Nosso povo precisa de alguma diversão! E isso será muito importante para a minha eleição. Como eu já disse, estou financiando esse evento para que você saia fortalecida e me indique meu filho Ronaldo como seu sucessor nas próximas eleições.
Nesse momento, Ronaldo estava entrando na sala e interrompe:
- Como assim, meu pai? Eu serei candidato a prefeito?
- Claro meu filho – Quitéria se aproxima dele, abraçando-o e conduzindo-o à mesa – Como você sabe, nossa amiga Sarah não pode se candidatar pois já está no segundo mandato e seu pai não é mais tão bem quisto pelos cidadãos brejenses. Você será a nova luz para eles, a renovação!
- Mas, mãe, não é isso que eu quero. Você sabe que eu quero sair daqui, ir morar numa cidade grande como Salvador!
- Meu filho, isso é coisa que aquele seu amigo Rodrigo Hora fica colocando em sua cabeça. Salvador não é bom lugar. Aliás, é bom sim, mas apenas para fazer turismo e compras. Bom mesmo é aqui, junto de mim e de seu pai...
- Mas longe de Aline – interrompeu de novo PV – tenho visto você se engraçando para essa serviçalzinha!
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Sebastian acabara de fechar seu consultório, altas horas da madrugada e passa pelo bar, onde vê Frederico tentando expulsar Glaucio e Silvia, que estavam sentados na única mesa do bar. Pensa: “Esse Glaucio só vai parar de beber mesmo o dia que Renata Angeli morrer, isso se o fígado dele suportar até lá. Que infeliz!”. Ele dá um tchau tímido para os 3 e segue em direção à sua casa. Uma brisa fria anuncia que será mais uma noite gelada no pé da serra, onde fica Brejo Fundo. Ao virar a esquina ele ouve alguns ruídos que parecem de um animal ferido. Sabendo que ali no máximo poderia encontrar um cachorro ou um pequeno gambá, vai atrás do som. Eis que surge em sua frente aquela criatura, que nem parece humana e nem animal, se rastejando, grunhindo em sua direção, toda de branco. Ele presente que será atacado por ela, dá um grito e corre na direção oposta, torcendo para que Glaucio e Frederico tenham ouvido seu clamor.
FIM DO SEGUNDO CAPITULO
Cadê o terceirooooo!?!
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