

Imaginei que o som também fosse um problema, pois os galpões não favorecem a acústica, com seus telhados sem isolamento ou forro e portas de vidro, mas me surpreendi. O som estava bom. As falhas que ocorreram foram causadas pela equipe responsável pelo áudio mesmo, que volta e meia esquecia-se de ligar o microfone de um dos cantores/dançarinos em cena. Após todas essas ressalvas técnicas, vamos ao espetáculo em si.
Claudia Raia divide o palco com um grupo de 11 bailarinos (5 mulheres e 6 homens) e interpreta Helô, uma quarentona infeliz no seu casamento e que em seus sonhos é perturbada por Lúcifer, que a fica tentando para que sucumba às tentações. Ela não consegue controlar suas pernas (ou o que fica no meio delas) e procura ajuda de todos os tipos para seu problema (médico, igreja, macumba). O enredo é simples e divertido, com o simples objetivo de apresentar os números musicais mesmo. Mas aí entra outro ponto que me desagradou. Em diversos números o posicionamento dos bailarinos está assimétrico, as coreografias descompassadas e até mesmo a marcação dos passos desalinhados ao som da orquestra (localizada atrás do palco). Faltou um pouco mais de ensaio do grupo.
O espetáculo tem seus altos e baixos, sendo os melhores momentos as cenas de Claudia com “Pai João”, que recebe algumas entidades, e também com Nossa Senhora de Fátima, N. Sra. Aparecida e N. Sra. de Guadalupe. Destque também para o ator que interpreta Lúcifer, com uma voz assombrosa (com o perdão do trocadilho). Os figurinos são bem desenhados, mas também precisam ser revistos, pois a cada cena de Claudia, percebe-se por baixo do recatado vestido da dona de casa a bainha do vestido que ela usa por baixo e que será exibido apenas no número de dança. Se ele fosse um pouco mais comprido, seria uma surpresa o que está escondido por baixo. A iluminação e jogo de imagens usadas nas laterais e fundo do palco são bem exploradas e conseguem transformar o espaço em diversos ambientes de acordo com o enredo.
Classifico a peça como razoável, mas já digo que seria bem melhor se fosse realizada num palco de teatro normal, em vez do galpão. E, se você for assistir, procure ingressos nas primeiras filas, pois um musical não merece ser visto de longe, pois se perde muito dos detalhes.
(fotos: Natalia Lima)
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