Todos os musicais de Chico Buarque em 90 minutos (musical)

A dupla se superou. Com tantos musicais na bagagem, Claudio Botelho e Charles Moeller conseguem ser ainda melhores a cada novo espetáculo. Nesse são apresentadas canções de Chico Buarque e, como o titulo já deixa implícito, não é uma biografia do compositor e intérprete. E, diferente do musical com músicas de Milton Nascimento, que era apenas uma sequencia de números musicais, esse possui um história que, claro, tem personagens inspirados na obra do homenageado. Lindas interpretações, arranjos que fogem do lugar comum, jogo de luzes e planos que dispensam cenários mais elaborados e figurinos impecáveis, além, é óbvio, de atores-cantores magníficos que vivem tudo o que cantam com uma intensidade de arrepiar!

Nunca tinha visto Botelho atuando e me surpreendi com ele. Ele é o irônico e desmemoriado líder da companhia de teatro mambembe que roda pelos recantos mais remotos do Brasil. Anota tudo num caderninho (na foto ao lado, junto com uma das máscaras usadas no numero “Baile dos Mascarados”) para não esquecer. Sua esposa é Soraya Ravenle e o filho (que ele tem certeza não ser seu) é Davi Guilhermme que acaba tendo um caso com a novata da companhia, interpretada por Malu Rodrigues, dona do par de olhos azuis mais lindos que já vi. Ainda no elenco estão Estrela Blanco, Felipe Tavolaro, Lilian Valeska (ex-Sublimes) e Renata Trajano. Conforme a companhia vai se apresentando, também vamos conhecendo os dramas pessoais de cada um dos seus membros, tudo banhado com mais de 50 canções de Chico.

Há vários momentos em que fiquei ali grudado na cadeira, como “Roda Viva”, “Tatuagem” e “Beatriz” (esse ultimo, um dos meus favoritos). E impossível ficar grudado na poltrona em “Ciranda da Bailarina” (quase chorei de tanto rir com as caras, bocas e vozes infantilizadas), “Baile dos Mascarados” (vontade louca de entrar na roda com os atores e cantar com eles) e “Geni” (embora seja uma musica densa, sobre a coitada que é rejeitada por toda uma cidade e de ser uma das músicas que mais me marcaram a infância, rolei de rir com Soraya Ravenle se enrolando com as placas que são manipuladas pelos atores).

Imperdível, para se ver e rever. Estou louco para ter em mãos o CD duplo que será lançado com todos os números que fazem parte do espetáculo. Os arranjos estão tão diferentes dos originais que algumas músicas eu só reconhecia mesmo quando chegava no refrão.

Bom, poderia continuar escrevendo laudas e mais laudas sobre o musical, mas acho que nem preciso. Três palavras simplificam tudo: VÁ AO TEATRO!

PS: Apesar de estar ali na cadeira A1, colado no palco, fui extremamente prejudicado por um casal que sentou-se atrás de mim e ficou cantando TODAS as musicas durante o espetáculo. AFFE! Gente mal educada. Quer cantar junto, compra um karaokê ou vai pra festival de rock ou micareta! Teatro é para se fazer silêncio. Enfim, penso em voltar e ver de novo, mas vai que cola outro chato no meu pé? Bem que o teatro poderia anunciar para além de desligarem os celulares, fecharem a matraca durante a apresentação.

PS2: Fiquei intrigado em saber porque apenas Claudio Botelho era o único sem maquiagem pesada. Minha dedução é de que ele era o único personagem vivo no enredo. Será que é isso ou foi apenas vaidade, para ficar bonitinho? Rs

PS3: Fotos tiradas por mim. Fiquei tão maravilhado que só registrei mesmo o agradecimento final.

PS4: Os 90 minutos estão apenas no título, o musical ultrapassa com vantagem essa duração (ainda bem).

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